Motivos que tornam a Libertadores uma competição diferenciada

Os clubes brasileiros fizeram sua estréia na copa libertadores, alguns foram bem, outros nem tanto. Mas apesar de dúvida de como estarão os times esse ano, os brasileiros sempre entram no torneio como favoritos. Infelizmente a qualidade técnica dos times não é uma prioridade neste torneio como é em outros.

Para se conquistar a libertadores é necessário muito mais do que um time apenas com grandes nomes. A realidade ao se começar os jogos vai além da fama e habilidade dos jogadores e alguns fatores muitas vezes acabam influciando negativa ou positivamente nos jogos. Vamos falar sobre alguns deles.

Estádios diferentes

Em jogos da Liga dos Campeões não encontramos estádios muito estranhos ao que os jogadores de grandes clubes já estão acostumados. Até os estádios de países com menos tradição no futebol como Romênia, Bósnia e Escócia é possível se encontrar um mínimo de padrão de organização e conforto. Já na Libertadores encontramos estádios com pouca segurança e nos mais diversos estilos que você pode imaginar. Um belo exemplo foi o jogo de ontem do Corinthians que jogou com o Cobresal em um estádio que fica no deserto do Atacama em uma cidade com 8000 habitantes e um estádio com capacidade para 20000 pessoas. Vai entender. Fora o fato de jogar e, uma altitude de 2600 metros acima do nível do mar.

A Altitude

A altitude costuma ser um jogador a mais principalmente para os times do Equador e Bolívia. A altitude é sempre tratada assim por comentaristas e narradores e impõem uma dificuldade a mais para os clubes brasileiros. Em 2007 a FIFA até chegou a proibir jogos internacionais em lugares com mais de 2500 metros de altitude. A decisão não foi bem aceita pelos países que atuavam nessas áreas pois os times e seleções não aceitavam ter seu mando de campo retirado de seus estádios. Assim a FIFA acabou reconsiderando a decisão.

Anderson sofreu com a altitude de La Paz em 2015
Anderson sofreu com a altitude de La Paz em 2015

Nestes tipos de jogos os jogadores precisam chegar ao local alguns dias antes para se adaptar e mesmo assim alguns passam mal e não aguentam. A dificuldade de respirar é muito grande e muitas vezes é necessário ter uma bomba de oxigênio para os jogadores aguentarem o jogo até o fim. Tivemos um exemplo no ano passado quando Anderson, jogador do Internacional, pediu para ser substituído e assim que saiu teve que recorrer ao oxigênio para poder ficar bem.

Zebras acontecem e muito!

Existem bastantes times na competição que se você perguntar ao público vão dizer que nunca ouviram falar. Teoricamente os times mais tradicionais não teriam problemas em vencer os jogos contras essas equipes. Porém na prática não é assim que funciona na Libertadores. Temos tantas zebras que muitas vezes vemos times de tradição gigante ficando fora até mesmo da segunda fase. Essas equipes menores costumam dar muito trabalho e mesmo que sempre cravamos os clubes brasileiros e Argentinos como favoritos, os anos tem nos mostrados que não é bem assim.

Temos muitos exemplos de fracassos de grandes contra pequenos na Libertadores como o ano em que o Corinthians, que contava com um elenco forte, com estrelas como Ronaldo e Roberto Carlos, caiu diante do modesto Tolima, ainda nos playoffs de classificação à fase de grupos. Já a edição de 2014, por exemplo, contou com semifinalistas inesperados, como o Nacional, que chegou à decisão contra o San Lorenzo, e o fraco Bolívar, que não foi páreo para os argentinos, mas surpreendeu chegando tão perto da decisão. Outras surpresas que já entraram para o folclore da competição, como o São Caetano finalista de 2002, o Paysandu vencendo o Boca na Bombonera e o Once Caldas campeão em 2004, eliminando São Paulo, Santos e batendo os xeneizes na decisão. Essas zebras tem como motivação e trunfo a raça e o fator de jogar em casa no qual a limitação técnica é superada por outras qualidades. Ah! Não podemos esquecer a eliminação do Corinthians, Campeão Brasileiro, para o modesto Guarany do Paraguai no ano passado.

Jogos em Lugares Distantes

Ao contrário dos clubes europeus quando disputam a Champions League, que não tem a necessidade de se locomover em grandes distâncias, como o Manchester City que percorreu apenas 7274 km na atual fase de grupos, a libertadores tem jogos em que os clubes precisam percorrer grandes distâncias e muitas vezes o cansaço acaba falando mais alto e atrapalhando algumas equipes ajudando nas zebras. Em 2013, por exemplo, o Corinthians enfrentou uma viagem de cerca de 17 horas até Tijuana, para enfrentar os mexicanos. Neste ano, enquanto algumas equipes tiveram sorte, como o Palmeiras, que viajará 9.400 km para jogar contra os vizinhos uruguaios e argentinos, o Grêmio, por exemplo, chegará a voar 26.600 km, com o maior deslocamento sendo até Toluca, no México.

Torcidas Adversárias pressionam demais

La Bombonera pega fogo em jogos decisivos da libertadores
La Bombonera pega fogo em jogos decisivos da libertadores

A fanática torcida do Liverpool na arquibancada Kop, do Anfield, os cantantes torcedores do Celtic e a espetacular atmosfera dos aurinegros do Borussia Dortmund protagonizam belas cenas em jogos por competições europeias, mas em nenhum dos casos a pressão promovida pelos torcedores da casa é tão grande quanto em jogos da Libertadores, os torcedores não intimidam apenas na hora dos jogos, a intimidação começa antes com a perseguição dos torcedores nos hotéis do adversários pertubando a paz dos jogadores.

Do hotel ao estádio a torcida começa a fazer sua tradicional festa com os fanáticos gritando por fora dos corredores de entrada do estádio e muitas vezes começam a arremessar objetos nos jogadores adversários. Isso se repete nas cobranças de escanteio onde muitas vezes os guardas precisam ficar protegendo os jogadores com seus escudos. Ali você encontra de tudo desde radinhos e pilhas a latas e copos. Um fato inusitado aconteceu ano passado no clássico entre River e Boca pelas oitavas de final onde os torcedores do Boca jogaram gás de pimenta no vestiário do River. O jogo foi encerrado e o Boca eliminado do campeonato. É preciso pensar em tática e nas melhores jogadas para se vencer na Libertadores, mas lidar com os torcedores adversários também requer alguma estratégia.

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