
Milan: Uma verdadeira bagunça
Que o time segue em uma draga descomunal desde a conquista da UCL 2006/2007 todo mundo já está careca de saber. Contudo, para entender o motivo das coisas irem de mal a pior, basta traçar uma linha no meio e colocar a esquerda o Milan, e à direita, onde sempre esteve, a vida política de Silvio il Cavaliere Berlusconi
Vamos esquecer os anos 80 e 90 e começar a nossa historinha a partir dos anos 2000, tudo bem?
Em 2001, líder da colisão de centro-direta denominada La Casa delle Libertà, Berlusconi chegou ao posto de Primeiro Ministro italiano novamente (já tinha servido de 1994 a 1995) permanecendo lá até a derrota nas urnas acontecida em 2006. Silvão não teve um governo lá muito honesto durante esse período, e não há um italiano que discorde.
Nesse período o Milan tinha aquele time dos sonhos que todo mundo fala durante as transmissões (ain, que saudades de Sheva, Pirlo, Rui Costa e bla bla bla suas viúvas) e conquistou 1 Scudetto, 1 Coppa Italia, 1 Supercoppa italiana, 1 UCL e 1 Supercopa da UEFA.
Note que, na época da conquista da Champions League de 2006/2007, Berlusconi não era Primeiro Ministro, mas havia conseguido uma retumbante vitória nas eleições gerais e voltava a ser um líder político importantíssimo para os conservadores. Em 2008, com seus blue caps, seu Silvio assumiu novamente a cadeira de Primeiro Ministro, a qual só largou em novembro de 2011, quando já estava enrolado até o pescoço com processos sobre evasão de divisas, corrupção ativa, difamação, chantagem, suborno, abuso de poder, fraudes, sonegação de impostos e abuso sexual de menores. Um amor esse Presidente.

Entre 2008 e 2011, o Milan conquistou, graças ao dinheiro injetado pelo seu Presidente, 1 Scudetto e 1 Supercoppa italiana. E, já na temporada seguinte, começou a ver a casa caindo. Até que em 2012, um ano após a saída de Berlusconi da vida política, houve a queda do nível do Milan, com as vendas de Thiago Silva e Ibrahimovic para manter o caixa do clube saudável.
Em 2013, Berlusconi foi condenado, por conta de abuso sexual de menores (o famoso RubyGate), a 7 anos de prisão e foi banido da vida política definitivamente. Após recurso, ele conseguiu ser inocentado nesse caso. Contudo, Berlusca não fugiu da condenação por sonegação de impostos (aê, pessoal do Barcelona, aprenderam bem!) e segue impedido de assumir qualquer cargo público até 2019.

O que isso significa para o Milan? Uma seca, enorme, gigante, imensurável de dinheiro e jogadores de prestígio. Percebam que as épocas boas do Diavolo coincidem com as vitórias políticas de Silvio Berlusconi desde sua compra, lá em 1986. O Presidente não tira dinheiro dos seus outros investimentos, como seus grupos de comunicação e mídia, para investir no time – a grana só vem quando ele está em cargo público ou político.
Há indícios que Berlusconi esteja vendendo parte de suas empresas para conseguir lançar um herdeiro, um sucessor ou sucessora na política, daí a vontade insana da Fininvest arrumar logo um investidor para comprar a minoria das ações do AC Milan.
A questão aqui é que não dá mais para o time ficar atrelado ao sucesso político seu Presidente. O rossonero precisa imediatamente aprender a andar com as próprias pernas e se afastar do Berlusca o mais rápido possível. Não dá para passar mais 3 temporadas chegando entre 6º e 10º na Serie A e longe das competições europeias. É preciso resgatar a história e o brilho do Milan.