
Luis Enrique quer esquecer passado no Real Madrid
Treinador fez história nos Blaugranas também como jogador, mas antes de defender o clube catalão, jogou pelos Blancos
Luis Enrique tem seu nome marcado na história do Barcelona. Além de conquistar o triplete em sua primeira temporada no clube e cinco de seis títulos possíveis em 2015, o treinador também foi fantástico como jogador do Barça. Em seus oito anos no Camp Nou como um excelente meia-atacante, o hoje comandante azul-grená fez 300 partidas oficiais e marcou 108 gols, o que faz dele, o 13º maior artilheiro da história dos catalães.
Ele também conquistou sete títulos, entre eles o bicampeonato de La Liga e uma Copa dos Campeões da Uefa. Entre os momentos marcantes, o tento do título espanhol em 99, gols em clássicos contra Real Madrid e Espanyol e até em um amistoso contra a Seleção. Isso tudo sendo capitão da equipe a partir de 2001, quando herdou a faixa de Pep Guardiola.
A história de Luis Enrique é Barcelona é sensacional, privilégio para poucos e continua sendo escrita. Nesta temporada, o time está invicto há 39 partidas, lidera com folga La Liga, está na final da Copa del Rey e quartas da Uefa Champions League, sendo favorito a todos os títulos e parece ser imparável. O trio MSN e a fase extraordinária de Lionel Messi, além do excelente plantel e vários craques faz a diferença, mas nada disso seria possível sem o excelente trabalho do treinador.
No entanto, antes do casamento que parece perfeito com o Barcelona, Luis Enrique viveu cinco anos que ele quer esquecer. Para conhecer a história, precisamos voltar para 1991, quando o meia-atacante ainda era um jovem promissor que despontava no Sporting Gijón e começar a atrair o interesse de gigantes.
O talento do garoto o levou ao Real Madrid, onde o meia-atacante ficou por cinco anos. No início, o casamento parecia promissor, com Luis Enrique se tornando titular, tendo boas performances e conquistando os títulos da Copa del Rey e da Supercopa Espanhola na temporada 1992/93. Nesse tempo, ele também ganhou o ouro com a Espanha nas Olimpíadas de Barcelona e, em 94, disputou a Copa do Mundo como jogador blanco, sendo eliminado com a Fúria nas quartas de final, na derrota por 2 a 1 para a Itália, marcada pela agressão de Tassotti no asturiano, que não foi vista pelo árbitro.
Em 1994/95, veio o ápice, com o título de La Liga. Luis Enrique foi fundamental na conquista e ainda marcou um gol na histórica goleada por 5 a 0 sobre o Barcelona. O tento foi muito celebrado pelo jogador – que mostrou o escudo dos madridistas e ainda provocou o rival -, e o Real celebrou muito o troféu, que encerrou o reinado do Barça de Johan Cruyff, então tetracampeão espanhol e diminuiu a pressão, já que o rival também tinha ganho a Champions League em 92.
Tudo caminhava para uma carreira marcante de Luis Enrique em Madri, mas foi justamente neste momento que tudo deu errado.
Apesar do sucesso, o atacante já afirmou várias vezes que nunca se sentiu querido pelos torcedores do Real Madrid e que não tem boas memórias no clube madrilenho, mesmo com os 241 jogos, 23 gols e três taças levantadas. Após o título espanhol, os Blancos perderam nomes importantes como Emilio Butragueño e Rafael Martín Vazquez. Sem viver seu melhor momento, Luis Enrique passou a ser criticado pela torcida e pela imprensa, e no meio disso tudo, uma tentativa de renovar seu contrato com os Merengues fracassou.
Foi então que o meia-atacante, em 1996, apenas um ano após o título conquistado com direito a provocação, acertou sua transferência para o rival Barcelona. Luis Enrique deixou de ser um líder que poderia ter sido em Madri para escrever sua história – que ainda continua sendo escrita – e ser um líder – que continua sendo até hoje – na Catalunha.
O hoje treinador, inclusive, parece querer esquecer seu passado madrilenho. Em diversas entrevistas, ele já afirmou que não se reconhece nas imagens como jogador do Real Madrid, que não lembra dessa época. Ele sequer cita o nome dos Blancos, sempre se referindo ao time da capital como “o eterno rival”.
Neste sábado, às 15h30 (de Brasília), no Camp Nou, Luis Enrique mais uma vez viverá o clássico especial. No caminho para continuar escrevendo uma bela e gloriosa história pelo clube que escolheu liderar como jogador e como técnico, está não só o maior rival de sua equipe, mas também um passado que ele quer esquecer.