O épico gol de Palop em Shakhtar x Sevilla

Andrés Palop aparece em qualquer lista de maiores ídolos do Sevilla. O arqueiro se manteve no clube por oito temporadas, somando 295 partidas na meta rojiblanca. E nem precisou de muito tempo para se consagrar. Logo nas duas primeiras temporadas, o arqueiro esteve entre os protagonistas do bicampeonato da Copa da Uefa, em 2005/06 e 2006/07. Inclusive, o reencontro com o Shakhtar Donetsk nas semifinais do torneio ajuda a resgatar um dos episódios mais incríveis protagonizados pelo camisa 1. Diante dos ucranianos ele anotou o gol de goleiro mais importante da história das competições europeias.

Sem fazer uma campanha que saltasse aos olhos, o Sevilla cruzou o caminho do Shakhtar nas oitavas de final de 2006/07. E logo o primeiro encontro, no Estádio Ramón Sánchez Pizjuán, evidenciou a fibra das duas equipes. Em jogo de três pênaltis, o Sevilla abriu o placar com Martí, enquanto Hübschman e Matuzalém viraram para os ucranianos. Já aos 43 do segundo tempo, Maresca evitou um prejuízo maior para os andaluzes, que haviam atacado bem mais ao longo da noite. De qualquer maneira, a visita ao Estádio RSK Olimpiyskiy se prometia complicada.

Depois de um primeiro tempo sem gols, as emoções se concentraram na segunda etapa. Matuzalém precisou de quatro minutos para deixar o Shakhtar em vantagem, com um gol de “escorpião”, enquanto outra vez Maresca saiu ao resgate do Sevilla. Aos 38, porém, Elano anotou o tento que parecia deixar a classificação nas mãos dos ucranianos, em contragolpe que aproveitou o posicionamento ruim do camisa 1. O tempo passava e afligia os rojiblancos, que novamente eram mais ofensivos. Até que, aos 48, Palop subiu para a área em uma cobrança de escanteio. O cruzamento de Daniel Alves teve destino perfeito na cabeça do goleiro, livre de marcação na linha da pequena área. A partida se seguiu para a prorrogação, com Chevantón definindo a vitória por 3 a 2. No último lance, Palop ainda fez uma defesa para assegurar a milagrosa classificação.

“Os defensores deles estavam marcando todos os nossos jogadores, mas me deixaram sozinho. Então, repeti os movimentos que vejo os meus colegas fazendo nos treinos e a bola apenas veio até mim. Quando eu a vi, pensei: ‘Isso é um presente de Deus’. É um gol importante que dedico aos meus dois filhos”, declarou Palop, ao final da partida. “Desde que cheguei ao clube, coisas que eu nunca imaginei têm acontecido comigo. São tempos inesquecíveis com os quais sempre sonhei e trabalhei para isso”.

Naquele momento, Palop se tornava o décimo goleiro a marcar pela Copa da Uefa. Além disso, até hoje, nenhum outro arqueiro balançou as redes em uma fase tão avançada das competições europeias. Pouquíssimos de maneira tão decisiva. O episódio mais parecido aconteceu com Sinan Bolat, que subiu à área para fazer um gol salvador para o Standard Liège diante do AZ, em 2009/10. Todavia, aquele tento valia pela fase de grupos da Champions e colocava os belgas nos mata-matas da Liga Europa. Não teve o peso de Palop, ainda mais considerando que o Sevilla terminou com a taça.

O camisa 1, aliás, voltou a ser personagem fundamental na decisão. Após eliminar Tottenham e Osasuna, o Sevilla encarou o Espanyol no Hampden Park. Adriano e Riera marcaram os gols no tempo normal, enquanto Kanouté e Jônatas mantiveram a igualdade na prorrogação. De qualquer maneira, Palop já se destacava, não apenas por três ótimas defesas, mas também por iniciar a jogada do primeiro tento, em lançamento com as mãos que serviu de assistência. O empate por 2 a 2 levou a definição aos pênaltis e, nos 11 metros, o goleiro rojiblanco teve aproveitamento quase perfeito. Defendeu três das quatro cobranças catalãs, de Luis García, Jônatas e Torrejón. Não só garantiu o bicampeonato, como também recebeu o prêmio de melhor em campo. Uma noite consagradora para a ótima equipe de Juande Ramos.

Depois daquela final, Palop já tinha encravado o seu nome na história do Sevilla. As boas atuações o levaram à seleção espanhola, fazendo parte do elenco campeão da Eurocopa em 2008. Já pelo clube, manteve-se como um símbolo até 2013, aos 40 anos, quando se transferiu ao Bayer Leverkusen e por lá se aposentou. Hoje, serve de inspiração para mais uma grande campanha dos rojiblancos na Liga Europa.

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