Por que Falcão não rende como técnico o que foi como jogador?

Paulo Roberto Falcão foi demitido do cargo de técnico do Sport. Aos 62 anos, com mais um fracasso, o Rei de Roma seguirá tentando provar que pode ser um bom treinador? Ou desiste de vez? Fico pesando se algum clube de ponta lhe daria uma nova chance e não encontro resposta. A carreira de Falcão é o oposto do que ele foi como jogador: trata-se de uma enorme decepção. Começou na seleção brasileira pelo cartaz que tinha como atleta. Vinte e cinco anos depois, vê no currículo dois títulos estaduais (um Gauchão e um Baianão) e duas outras conquistas com o América do México. Era pra ter brilhado mais, contribuído mais.

Não é só Falcão. Nenhum craque daquela seleção de 1982, o mais lindo escrete que tive o prazer de ver jogar, vingou no banco de reservas com uma carreira à altura da que teve como atleta. Os mais bem sucedidos foram Zico e Toninho Cerezo, mas ambos com sucesso em times ou seleções de segunda ou terceira linha. Lembremos de outros: Júnior durou alguns dias, Valdir Perez e Oscar desistiram, Serginho Chulapa tentou mas nunca emplacou.

Uma geração que fez tanto pela beleza do jogo deveria ter legado mais. Mas treinar é muito diferente que jogar. É preciso estudar o esporte, pensar estratégias, saber conversar, dominar a arte do relacionamento, entender os contextos, delegar. O fato de o sujeito ter sido um gênio como jogador não o credencia a ser um bom treinador. Maradona é outro exemplo.

Por isso caras como Cruyff e Beckenbauer são absolutamente especiais. Foram enormes nas duas funções. Souberam fazer a transição, ampliando sua contribuição ao esporte que tanto lhes deu. Lamento que os craques de 82 não estejam trabalhando como figuras centrais do nosso futebol. É algo que decepciona, um desperdício de legado.

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