
Resumo da primeira fase da Libertadores
A fase de grupos da Copa Libertadores 2016 chegou ao fim. Foi uma Libertadores em sua essência: teve clube gigante sendo eliminado, pequenos surpreendendo, cenas lamentáveis e vagas sendo disputadas até o último minuto. Ao final de seis rodadas, das 32 equipes que iniciaram a busca pela taça mais cobiçada do continente apenas 16 seguem na luta. E você pode conferir um balanço completo do que teve de mais importante até aqui na edição de 2016.
Os grandes
O River Plate-ARG fez o necessário para se classificar no grupo 1. Venceu Strongest-BOL e Trujillanos-VEN em casa e conseguiu um empate na altitude contra os bolivianos. Perdeu no direto com o São Paulo, mas contaram com uma campanha ruim dos brasileiros. Depois de ser o pior segundo colocado no ano passado (e acabar campeão), os Millonarios asseguraram a liderança com uma campanha correta e um futebol que ainda não convence.
No mesmo grupo o São Paulo lutou pela vaga até o último segundo da última partida. A derrota para os bolivianos em casa e o empate na Venezuela só não eliminaram o tricolor porquê o Strongest não aproveitou a vantagem inicial que teve. De ponto positivo ficam as ótimas atuações frente ao River e o crescimento da equipe nos momentos decisivos.

Mesmo fazendo várias partidas com um time misto, o Rosário Central-ARG foi o primeiro colocado do grupo 2 com o segundo melhor ataque dessa fase. O time de Eduardo Coudet é muito bom e raramente perde dentro de casa, o que faz dele um sério candidato ao título. Vale lembrar que amassou o Palmeiras dentro do Allianz Parque quando tinha um a menos e só não empatou por que perdeu um pênalti. Olho nos argentinos.
O Nacional-URU não tem um time à altura da sua camisa e tradição. Passou para as oitavas sendo extremamente pragmático, vencendo os dois jogos mais importantes. Empatou os dois jogos contra o fraco River Plate-URU e só fez um ponto contra o Rosário, mas venceu as duas partidas contra o Palmeiras, com quem brigava pela segunda colocação. Teve o pior ataque da competição com seis gols.
Nenhum gol nos dois primeiros jogos e três empates no primeiro turno. O Boca Juniors-ARGfoi instável no início e teve sua qualidade questionada, até que Guillermo Barros Schelotto assumiu como treinador e colocou os Xeneizes nos trilhos: três vitórias na segunda metade e a liderança garantida no grupo 3. Carlitos Tévez voltou a marcar e o ataque evolui a cada jogo, embora a defesa ainda deixe a desejar. Fato é que o time de Schelotto vem crescendo dentro da Libertadores, e isso é um perigo.

A arrancada na frente deu ao Racing-ARG a oportunidade de ficar com a primeira posição do grupo 3, perdida no confronto direto para o Boca dentro de casa. A equipe de Avellaneda fez o que era preciso num grupo que tinha duas equipes bem abaixo (Bolívar-BOL e Deportivo Cali-COL): venceu em casa e empatou fora. Ainda pode produzir mais com seu forte ataque, formado por Diego Milito, Gustavo Bou e Lisandro López.
Grande sensação da competição até aqui, o Atlético Nacional-COL passeou na fase de grupos. Doze gols marcados, nenhum sofrido, cinco vitórias e a melhor campanha do torneio, que o da o direito de decidir em casa todos os confrontos da fase final. É bem verdade que os adversários do grupo 4 (Huracán-ARG, Peñarol-URU e Sporting Cristal-PER) não consistiam numa verdadeira ameaça, mas as partidas arrasadoras dos colombianos chamaram a atenção.
O futebol pode até não ter convencido parte da torcida, mas o Atlético Mineiro fez uma ótima fase de grupos. Ganhou todas em casa e buscou quatro pontos fora, desempenho suficiente para ser o líder do grupo 5. Aos poucos Diego Aguirre vai acertando o time e o setor defensivo, ponto fraco do título de 2013. Somente o Atlético Nacional teve uma defesa melhor que o time de Minas Gerais, vazada em apenas dois jogos.

No equilibrado grupo 6 o Grêmio começou muito mal, mas soube ser grande quando foi necessário. A derrota para o Toluca-MEX, jogando um tempo com um jogador a mais, criou dúvidas na cabeça do torcedor. A resposta veio no empate contra o San Lorenzo-ARG fora de casa, arrancado na raça já nos minutos finais, e na boa vitória em Quito, com altitude e tudo, frente à LDU-EQU. Não fosse o empate com os argentinos na Arena, poderia ter brigado pela liderança na última rodada.
Com exceção da derrota para o Cerro Porteño-PAR, o Corinthians foi bastante consistente. Em momento algum teve sua classificação as oitavas ameaçada e, pensando na qualidade técnica dos seus adversários, poderia até ter buscado a melhor classificação geral. Conseguiu assegurar o empate fora contra o Santa Fé-COL e tinha time para bater o fraco Cerro, no Paraguai, mas as expulsões pesaram contra. Ainda assim, termina com a terceira melhor campanha e o direito de decidir em casa, pelo menos, até as quartas de final.
As surpresas
No grupo em que o Atlético Nacional tirou ponto de todo mundo, o Huracán-ARG foi quem melhor se aproveitou disso para ficar com a segunda vaga. Os sete gols marcados e sofridos mostram que ainda falta rodagem e qualidade para sonhar com voos mais altos a nível continental, mas a classificação é um prêmio para uma das equipes argentinas que mais cresceu nos últimos anos e passou pelo drama de um acidente de ônibus logo após confirmar sua presença na fase de grupos.
“Futuro campeão do Equador”, esse é o lema do Independiente Del Valle, segundo colocado do grupo 5, e que parece estar no caminho certo para alcançar o feito. O time que veio da primeira fase da Libertadores superou o favoritismo do Colo-Colo-CHI, derrotou o Galo e classificou com a décima melhor campanha (a segunda melhor entre os segundos colocados). Um ótimo desempenho para quem está se consolidando no cenário nacional.

Os mexicanos sempre são um ponto de interrogação na Libertadores. Não pela qualidade técnica, geralmente acima da média da América do Sul, mas pela importância que darão a Libertadores. A exemplo do finalista Tigres no ano passado, Pumas e Toluca levaram muito a sério e foram as agradáveis surpresas. Venceram todas as partidas em casa e garantiram a classificação cedo, terminando, respectivamente, com a segunda e quinta melhor colocação geral.
Três vitórias, três derrota, seis gols marcados e onze sofridos. Na maioria das chaves, essa campanha mediana do Deportivo Táchira-VEN não renderia um passaporte para as oitavas, mas foi o suficiente no fraco grupo 7. A equipe só fez o dever de casa e nada mais. Se tivesse ao menos beliscado um pontinho fora, poderia ter saltado da 15ª para a 12ª colocação entre os classificados. De qualquer forma, ainda falta muito para os venezuelanos se tornarem uma dor de cabeça na Libertadores.

Pelo futebol apresentado o Cerro Porteño não passaria perto de uma classificação, mas ainda assim garantiu a terceira melhor posição entre os segundos colocados. Isso é o futebol, isso é a Libertadores. O time que derrotou o Corinthians foi o mesmo que perdeu para o Cobresal-CHI e sofreu para derrotar o Santa Fé por 1 a 0, dentro de casa e com dois jogadores a mais. Mesmo com um futebol muito pobre, conseguiu ser minimamente eficiente e passar de fase.
As decepções
O Palmeiras teve um grupo difícil pela frente, é verdade. A eliminação, porém, não pode ser taxada de outra forma que não seja a de decepção. O início horrível sob o comando de Marcelo Oliveira, onde o melhor resultado foi uma vitória no sufoco, dentro de casa e com um jogador a mais, foi determinante na eliminação alviverde. Com Cuca, poderia ter vencido o Rosário na Argentina e conseguido a classificação. A insistência com Marcelo custou caro.
Diego Forlán retornando a Libertadores e estádio novo a caminho. O Peñarol tinha um belo cenário para fazer bonito na competição continental, porém, foi uma das maiores decepções desta edição. O clube não conseguiu construir um elenco a altura da ocasião e muito menos da sua história. Ainda assim o grupo 4, com Huracán e Sporting Cristal, era acessível, no entanto, faltou bola aos uruguaios, que não fizeram por merecer uma oportunidade no mata mata.

Outro tradicional que não conseguiu se classificar em um grupo mediano foi o Colo-Colo. Os chilenos chegaram vivos à última partida e dependendo só de si próprios, era vencer o Del Valle para se classificar e eliminar os equatorianos. Mesmo dentro de casa, o Cacique não conseguiu o feito. Mandou três bolas na trave nos minutos finais e viu a classificação escorrer por entre os dedos. Pelo segundo ano seguido, o Colo-Colo perde sua classificação no último jogo.
Depois de ser campeão em 2014 o San Lorenzo nunca mais passou da fase de grupos. É verdade que os dois grupos eram bem difíceis, assim como é verdadeiro que o time não consegue jogar bem. O elenco é bom, melhor que muitos que passaram de fase, mas o treinador Pablo Guede parecia perdido em muitos momentos e o grupo mais equilibrado de 2016 foi implacável. O empate cedido para o Grêmio, na Argentina, foi determinante, o detalhe que eliminou o time do Papa.

A LDU começou bem, derrotando o San Lorenzo com autoridade. E só. Quatro derrotas consecutivas tiraram qualquer chance dos equatorianos chegarem as oitavas. O time de Quito não fez valer o fator altitude e foi derrotado em casa para os dois classificados. O futebol apresentado não foi ruim, poderia buscar uma segunda colocação em outros grupos, mas o grupo forte, aliado com partidas ruins fora do Equador, eliminaram os campeões de 2008.
Pela camisa pesada e pelos adversários fracos, o Olímpia-PAR era apontado como um dos favoritos a classificação no grupo 7. Porém, o que se viu dentro das quatro linhas explica a campanha ruim dos paraguaios. Ainda com alguns remanescentes do vice de 2013, o time está longe da qualidade técnica e de ser competitivo como o de três anos atrás. Fez apenas um ponto no primeiro, chegou a esboçar uma reação no segundo e não teve bola para concretizá-la. Campanha ruim do tricampeão após dois anos fora da Libertadores.

O Santa Fé talvez seja a maior decepção da Libertadores 2016. Atual campeão da Sul-Americana, os colombianos receberam um grupo fácil e tinham condições de brigar pela primeira colocação com o Corinthians. O que se viu foi um time tropeçar nas próprias pernas e ser eliminado. O empate em casa frente ao Cerro, logo na primeira rodada, foi ruim, mas o time chegou vivo a última rodada e dependendo só de vencer os paraguaios para ficar com a segunda posição. Na partida decisiva, teve dois expulsos (o primeiro com 20 minutos de jogo) e foi derrotado. Olhando para o time e para os resultados, o Santa Fé mereceu sua eliminação.