
Clubes podem pintar na elite na próxima temporada
O que o grande matemático Pitágoras, aquele do Teorema, tem a ver com o acesso à primeira divisão na Itália? E você sabia que um dos clubes próximos da elite em Portugal foi o responsável por iniciar a carreira profissional do ídolo gremista Pedro Geromel? Entre os times que devem aparecer nas ligas europeias na próxima temporada, há boas histórias, nomes novos e nomes familiares. O blog apresenta dez deles.
Crotone (Itália)
A cidade localizada no extremo sul da Itália, na região da Calábria, foi fundada por gregos. Pitágoras se mudou para Crotone no ano 530 a.C. e fundou por lá sua escola filosófico-matemática, que lhe valeu influência e poder político. A praça central da cidade ainda leva seu nome.
Por isso, ‘Pitagóricos’ é o apelido do Crotone, fundado em 1910. Com mais de um século de história, o clube deve finalmente alcançar a Serie A. Precisa de apenas mais um ponto nas quatro rodadas que restam na Serie B para chegar à elite, já que a vantagem sobre o Trapani, terceiro colocado, é de doze pontos.
Dirigido pelo croata Ivan Juric, jogador do clube na década passada (2001 a 2006), o Crotone chamou a atenção nesta temporada por quase eliminar o Milan da Copa Itália – caiu apenas na prorrogação em San Siro.
RB Leipzig (Alemanha)
Como em seus outros investimentos no esporte, a Red Bull chegou ao futebol alemão disposta a brigar nas cabeças. O clube foi criado em 2009, quando a empresa assumiu a licença do SSV Markranstädt, então na quinta divisão. O plano era chegar à elite em oito anos – meta que pode ser cumprida com um ano de folga.
Impedida de usar o nome da empresa no clube, por regra da federação alemã, a Red Bull (oficialmente dona de 49 por cento das ações) batizou o clube como RasenBallsport Leipzig, de forma a manter a associação à marca através da sigla.
O RB Leipzig subiu para a quarta divisão logo na primeira tentativa. Com dois acessos consecutivos, em 2013 e 2014, alcançou a segunda divisão. Agora, restando três rodadas, é o vice-líder com 63 pontos, quatro a mais que o terceiro colocado.
O artilheiro do time é Davie Selke, de 21 anos, ex-Werder Bremen e destaque das seleções de base da Alemanha.
Leganés (Espanha)
O atual líder da segundona espanhola foi o primeiro time profissional de Samuel Eto’o. Foi na temporada 1997/98, quando o camaronês esteve emprestado pelo Real Madrid.
Com 87 anos de história, o clube só conseguiu alguma projeção nacional em 1993, quando alcançou a segunda divisão pela primeira vez. Ao contrário de outros times da região de Madri, como Getafe e Rayo Vallecano, nunca esteve na elite. Há rivalidade com o vizinho Getafe, embora não fiquem na mesma divisão desde 2003/04.
Em 2014, após dez anos consecutivos na terceira divisão (Segunda B), o Leganés voltou a subir. Foi o décimo na última temporada e agora lidera o campeonato, com 60 pontos – cinco a mais que o Zaragoza, terceiro colocado, restando sete rodadas.
Brighton and Hove Albion (Inglaterra)
Envolvido em uma disputa acirrada pelo acesso direto, o time da mais popular cidade litorânea da Inglaterra está fora da elite desde 1983. Portanto, nunca jogou a Premier League na atual configuração. O clube também é lembrado por uma breve passagem do lendário técnico Brian Clough, na temporada 1973-74, quando estava na terceira divisão.
O Brighton esteve ameaçado de desaparecer no fim do século passado, quando teve problemas financeiros e quase caiu para a Conference (quinta divisão), mas se reestabeleceu e chegou a jogar os play-offs de acesso à primeira divisão em 2013 e 2014. A atual campanha, porém, surpreende, após o 20º lugar da última temporada.
Dirigido por Chris Houghton, ex-Newcastle e Norwich, o clube do sul inglês tem a mesma pontuação (87) de Burnley e Middlesbrough, mas fica em terceiro lugar pelo saldo de gols. Faltando duas rodadas, a briga pelas duas vagas diretas na Premier League será dramática. Quem sobrar na turma ainda terá outra chance nos play-offs.
Cagliari (Itália)
O time da Sardenha tem um título da Serie A em seu currículo – em 1970, quando contava com Gigi Riva, maior artilheiro da história da seleção italiana. Ano passado, voltou à segundona após onze temporadas consecutivas na elite. Mas a passagem pelo purgatório deve ser curta. Vice-líder da Serie B com 73 pontos, só precisa de quatro pontos nas quatro rodadas a disputar.
O técnico Massimo Rastelli, de 47 anos, pode conquistar o terceiro acesso na carreira. Levou a Juve Stabia à terceira divisão em 2010 e o Avellino à segunda em 2013 – nos dois casos, assim como no Cagliari, logo na primeira temporada com os clubes.
O principal nome da equipe é um brasileiro: o atacante Diego Farias, de 25 anos, autor de 13 gols e 13 assistências. Natural de Sorocaba, ele construiu toda a carreira no futebol italiano e está no Cagliari desde 2014.
Alavés (Espanha)
O Alavés protagonizou uma das finais europeias mais emocionantes da história: a decisão da Copa da Uefa contra o Liverpool, em 2001, quando perdeu por 5 a 4 com um gol na prorrogação. Era a primeira vez que um estreante na competição chegava à final, com direito a eliminar a Internazionale em Milão durante a caminhada.
Sensação da liga espanhola no final da década de 90, chegou a ganhar os dois jogos do Barcelona em 1998/99 e na temporada seguinte fez sua melhor campanha da história, terminando em sexto lugar.
O rebaixamento em 2003 e a venda do clube ao russo Dmitri Piterman marcaram o começo do declínio do clube basco, que passaria pela última vez na elite em 2005/06. Em seu período mais difícil desde então, ficou quatro temporadas na Segunda B, voltando à divisão de acesso em 2013. Hoje, é o vice-líder da Liga Adelante com 58 pontos, três acima do terceiro colocado.
Middlesbrough (Inglaterra)
O ‘Boro’ ganhou popularidade no Brasil nos anos 90, quando contratou Juninho Paulista (na época apenas Juninho) após se impressionar com seu desempenho em um torneio na Inglaterra com a Seleção Brasileira. Numa época em que jogadores brasileiros na Premier League ainda eram raridade, Juninho conquistou a torcida e marcou seu nome como maior jogador da história do clube – pelo qual teve três passagens. Na última, ganhou a Copa da Liga Inglesa em 2004.
O sucesso de Juninho fez com que o Middlesbrough apostasse em outros brasileiros, como Doriva, Ricardinho e Fábio Rochemback. Algumas apostas, como Afonso Alves, contratado em janeiro de 2008 como o reforço mais caro da história do clube, não deram tão certo.
O time viveu um grande momento internacional em 2006, quando alcançou a final da Copa da Uefa contra o Sevilla. A campanha foi marcada por viradas épicas contra Steaua Bucareste e Basel – nos dois casos, quartas-de-final e semifinais, com o ‘Boro’ precisando de quatro gols para reverter os confrontos.
Hoje dirigido pelo ex-zagueiro espanhol Aitor Karanka, que foi auxiliar de José Mourinho no Real Madrid, o Middlesbrough está fora da Premier League desde 2009.
Chaves (Portugal)
Hoje ídolo do Grêmio, o zagueiro Pedro Geromel começou sua carreira profissional no Grupo Desportivo de Chaves em 2005, depois de passar pelas categorias de base de Portuguesa e Palmeiras. O clube estava na segunda divisão naquela época, e desde então já teve duas quedas para a terceira, de onde saiu em 2014.
A última temporada na elite foi a de 1998/99, mas o melhor momento dos Valentes Transmontanos foi vivido entre 1985 e 1992, quando o time terminou seis dos sete campeonatos entre os dez primeiros, chegando a se classificar uma vez para a Copa da Uefa.
No período de vacas magras, o clube quase chocou o país ao alcançar a final da Taça de Portugal em 2010, perdendo para o Porto por 2 a 1.
Faltando três rodadas, o Chaves é o melhor dos times que disputam o acesso, com 78 pontos (o Porto B, com 82, não pode subir). Se vencer o Farense neste sábado, carimba o acesso e leva a região de Trás-os-Montes de volta à primeira divisão portuguesa.
Rangers (Escócia)
A agonia do Rangers enfim terminou, e o maior campeão nacional do mundo (54 vezes) voltará a disputar o clássico com o Celtic na primeira divisão escocesa. O clube foi obrigado a recomeçar da quarta divisão em 2012 após decretar falência. Depois de acessos consecutivos nos primeiros dois anos, teve de esperar mais duas temporadas para confirmar a volta à elite. A promoção foi confirmada no dia 5 de abril, com a vitória por 1 a 0 sobre o Dumbarton.
Em um aperitivo do ‘Old Firm’ para a próxima temporada, o Rangers recentemente eliminou o Celtic na semifinal da Copa da Escócia, vencendo nos pênaltis após empatar por 2 a 2 em 120 minutos. E se vencer o Hibernian (outro time da segunda divisão) na final de 21 de maio, ainda garantirá de quebra uma vaga na Liga Europa.
Sparta Rotterdam (Holanda)
Outro clássico a ser revivido na temporada 2016/17 é o de Roterdã, com o acesso já confirmado do Sparta, mais antigo clube profissional da Holanda. O confronto com o Feyenoord não se disputa na Eredivisie desde a temporada 2009/10. Um duelo de retrospecto desequilibrado – apenas 18 vitórias do Sparta em 106 jogos oficiais.
Fundado em 1888, o Sparta conquistou cinco de seus seis títulos nacionais até 1915. O outro foi em 1959, numa era em que o time venceu suas três Copas da Holanda, em 1958, 1962 e 1966. Poderia ter sido semifinalista da Copa dos Campeões em 1960, mas caiu num jogo-desempate em Londres contra o Rangers por 3 a 2, marcando dois gols contra.
O Sparta é conhecido ainda por sua elogiada academia de formação de jogadores.