Mais um egipício no Basel. Teremos um novo Salah?

Há muito tempo o futebol egípcio está mergulhado no caos. Outrora potência continental, desde 2010 o Egito sequer disputa a Copa Africana de Nações e a última participação em uma Copa do Mundo foi no longínquo ano de 1990. A situação política do país, com a queda do presidente Hosni Mubarak em 2011, contribuiu para a frágil organização local, passando é claro pela tragédia de Port Said no ano seguinte.

Mesmo assim, o futebol sobrevive. Nesta temporada o Campeonato Egípcio reuniu 18 times e ocorre sem maiores incidentes, enquanto a seleção sob o comando de Héctor Cúper busca recuperar seu lugar ao sol e uma vaga na Rússia em 2018 – está classificada para a terceira fase das eliminatórias africanas -, além de retornar à CAN, algo que está prestes a acontecer para 2017. E o mais importante: segue revelando talentos.

Não há dúvidas sobre os dois melhores atualmente. Mohamed Salah e Mohamed Elnenny, ambos com 23 anos, são dois jogadores de talento indiscutível e que têm em comum, também, o clube que lhes abriu as portas da Europa.

Com uma das melhores redes de olheiros do mundo, o Basel investe muito no descobrimentos de talentos. Já monitorava Salah, e após o desastre de Port Said marcou um amistoso com a seleção egípcia sub-23 em 2012 e pôde fazer contato com o habilidoso atacante, então no El Mokawloon. Não demorou para se destacar na Basileia, principalmente na Liga Europa, e chamou a atenção do Chelsea. Na Inglaterra não brilhou, mas na Itália com as camisas de Fiorentina e Roma já recuperou seu valor.

Elnenny chegou depois, mas pelo mesmo caminho. Deixou o El Mokawloon em 2013 para iniciar sua trajetória europeia no Basel. Neste ano o Arsenal levou o forte meio-campista para a Premier League.

A bola da vez agora se chama Omar Gaber e tem 24 anos. O lateral-direito do Zamalek, um dos principais clubes do país, viajou nesta segunda-feira à Suíça para realização de exames médicos, e se tudo ocorrer como previsto será anunciado reforço do Basel para a temporada 2016-17. De acordo com o site Kingfut, especializado em jogadores egípcios espalhados pelo mundo e que deu a notícia com exclusividade, o negócio gira em torno de 1.6 milhão de euros.

Logo, nada melhor do que pedir a opinião de Marwan Ahmed, editor do Kingfut, sobre o mais novo egípcio em território suíço.

“Omar Gaber é um jogador importante. Evoluiu na carreira pelo Zamalek e pela seleção egípcia como um meio-campista central, jogando nessa posição nas Olimpíadas de 2012. No entanto, uma lesão do lateral direito Hazem Emam, do Zamalek, fez com que ele trocasse de posição. Todos achamos que seria temporário, mas agora ele é o lateral direito titular do clube e da seleção. Há três anos o Zamalek recusou proposta do Valenciennes e no último verão ele passou por testes no Bordeuax sob as ordens de Willy Sagnol, mas não houve acordo. Ele esperou até que nova oportunidade aparecesse. As características mais importantes do Omar Gaber são sua ética profissional e a personalidade. Depois de todos esses anos, já noticiamos diversos problemas com a mentalidade dos jogadores egípcios, casos de atletas com talento para brilhar na Europa, mas que falharam ou não atingiram o nível esperado. Não é o caso de Omar. Ele raramente recebe um cartão ou gera motivos para isso. Você achará pouquíssimos jogadores que têm o respeito dos dois clubes do Cairo, Al Ahly e Zamalek, e Omar Gaber é um deles – provavelmente o único no Egito atualmente. A cada geração você consegue um tipo de jogador assim, e ele é esse desta. Da experiência profissional que tive com ele, posso falar que ele é realmente o jogador mais humilde com quem já conversei. Cabeça baixa, sempre educado e com os pés no chão. Tenho certeza que ele não terá problemas de adaptação em Basel. Ele cresceu em um bom bairro, com boa família, decidido a se estabelecer cedo, casar e ter filhos, mesmo com apenas 24 anos. Ele vai ao Basel com muita experiência tendo jogado no alto nível do futebol internacional em Olimpíadas, eliminatórias para a Copa do Mundo e sendo capitão de um dos mais históricos clubes da África com pouca idade. Sua experiência vai definitivamente ajudar o Basel, o que é uma vantagem em relação a Salah e Elnenney, que foram para lá com 20 anos e muito a aprender. Ele é muito versátil e tem ainda outro ponto a favor que é a fluência em inglês”.

 


Há casos também em que a conexão Egito-Suíça não deu certo. O meia-atacante Ahmed Hamoudi foi contratado em 2014 do Smouha e emprestado no ano passado ao Zamalek, após pouco ser aproveitado pelo Basel. De qualquer modo, os jogadores egípcios ainda estão com crédito de sobra na Basileia. Vale mais uma aposta.

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