
A EXPECTATIVA SOBRE CAMPEÕES ESTADUAIS?
O Brasileirão vai começar. Depois de quatro meses de estaduais, finalmente os principais times do país vão se enfrentar. Nesse momento, a tendência é que os derrotados e eliminados nos estaduais estejam em crise e as torcidas campeãs estejam animadas e esperançosas. Apesar desse cenário corriqueiro no futebol brasileiro, é possível usar o Estadual como parâmetro para a competição nacional?
Nem sempre o título em seu estado é garantia de um ano de sucesso. De 2010 para cá, somente em duas ocasiões os campeões brasileiros também foram os campeões estaduais: Fluminense, em 2012, e Cruzeiro, em 2014. Para além de brigar ou não pelo título, há uma questão mais grave: campeões estaduais frequentemente brigam contra o rebaixamento. O Brasileirão de 2015, por exemplo, ficou marcado pela queda do Vasco, que havia conquistado o Campeonato Carioca no início do ano. Além dele, o Goiás foi outro campeão estadual que desceu de divisão.
E para 2016? Como será que os campeões estaduais vêm para o Campeonato Brasileiro?
Em São Paulo, o Santos foi o campeão mais uma vez. Na teoria, isso credenciaria o time da baixada santista ao posto de candidato ao título, afinal, o Paulistão é o estadual com maior prestígio no país. Na prática, contudo, a história é outra: a vida do alvinegro praiano não deve ser nada fácil no Brasileirão.
Por conta da Copa América do Centenário, o Santos poderá perder Lucas Lima, Ricardo Oliveira e Gabriel por até nove partidas. As Olimpíadas também podem tirar mais jogadores do time e atrapalhar a vida do campeão paulista na Série A. Mesmo que haja uma ação imediata da equipe no mercado de transferências, fica difícil imaginar uma reposição a altura. Primeiramente, é muito difícil achar jogadores do mesmo nível dos convocados; além disso, os jogadores vindos de fora do país só poderiam estrear a partir da 10ª rodada.
Em Minas Gerais, um campeão surpreendente: o América-MG conquistou o troféu que não vencia desde 2001, o que elevou as aspirações da equipe. É claro que o Coelho deve passar longe de brigar pelo título ou pela Libertadores, mas já é possível esperar uma campanha mais tranquila que a de 2011, quando passou a maior parte da competição na lanterna e acabou rebaixado.
Esse ano, as credenciais são melhores: nos confrontos contra times da Série A, pelo Campeonato Mineiro e pela Primeira Liga, o América só perdeu uma vez, para o Flamengo. Ainda assim, é sempre bom ficar esperto. A verdade é que escapar do rebaixamento já vai ser motivo de comemoração para os americanos.
No sul do país, o Internacional conseguiu o hexacampeonato gaúcho após uma primeira fase instável. Mas, pela primeira vez em muito tempo, o Colorado não vem sendo apontado como um dos favoritos para o Brasileirão. Ainda assim, os resultados do time de Argel não são ruins: mesmo sem encantar, os gaúchos têm boas peças de reposição. O meia Valdívia deve retornar de contusão em meados de julho, aumentando o poder de fogo da equipe, que deve brigar por uma vaga na Libertadores ou até algo mais.
Campeão paranaense, o Atlético-PR também vem bem cotado para o Brasileirão. Além do título sobre o Coritiba no estadual, o Furacão foi vice-campeão da Primeira Liga aliando nomes experientes e jovens valores: a mescla de nomes como Weverton, Vinícius, Paulo André e Walter ao lado de garotos como Otávio, Ewandro e Marcos Guilherme vem dando certo e pode funcionar na Série A. Depois de um período inativo, fica o desafio a Paulo Autuori para surpreender a todos com essa equipe.
Em Santa Catarina, a Chapecoense apostará mais uma vez na força da Arena Condá para repetir a boa campanha do ano passado. Assim como América-MG e Vitória, permanecer na elite mais um ano já será uma bela conquista para a Chape.
Assim como o América-MG, o Santa Cruz também vem embalado para a Série A. Além do Campeonato Pernambucano, o time liderado pelo ídolo Grafite e pelo goleiro Tiago Cardoso também venceu a Copa do Nordeste. O bom trabalho de Milton Mendes, se assim continuar, é a grande aposta para seguir na elite.
Porém, mais uma vez, é bom ficar esperto. Apesar de prestigiada, a Copa do Nordeste também não é parâmetro para uma competição nacional de pontos corridos: em 2015, o Ceará venceu o Nordestão e lutou com todas as forças para escapar do rebaixamento para a Série C, feito que só conseguiu na última rodada. Como na Série A o buraco é ainda mais embaixo, é bom a torcida coral não se acomodar.
Na Bahia, o título estadual ficou com o Vitória após uma polêmica decisão contra o maior rival. Apesar da conquista, o atual elenco rubro-negro não traz grandes aspirações à torcida. O grande desafio do Leão será não cair pela quarta vez na era dos pontos corridos. Para isso, o time de Vágner Mancini precisará que jogadores como Marinho e o goleiro Caíque mantenham a boa fase do começo da temporada. Além disso, o atacante Kieza, principal reforço do time para o ano, precisa mostrar a que veio e, no mínimo, repetir os gols que anotava nos tempos de Náutico e Bahia.



Se na Série A poucos são os campeões estaduais que entram com grandes ambições, na Série B a situação é diferente. Até o momento, dos 20 clubes da Segundona, três foram campeões estaduais (faltando apenas definir se o Sampaio Corrêa vai conquistar o Campeonato Maranhense e aumentar a lista) e todos são favoritos ao acesso.
Diferentemente do ano passado, o Vasco conseguiu se sagrar campeão carioca de maneira incontestável em 2016. O titulo invicto, aliado a continuidade do trabalho de Jorginho, credenciam o Gigante da Colina como o grande favorito para subir e ser campeão da Série B. Ao lado da equipe carioca, o Paysandu também aposta num trabalho de continuidade: os títulos paraense e da Copa Verde dão moral para que o Papão retorne à Série A após 12 anos. Além deles, o Goiás também entra bem cotado, muito mais pela tradição do que pelo título goiano.
Evidentemente, ainda há muita água para rolar. Como sabemos, tudo no futebol brasileiro muda muito rápido. O importante para os campeões estaduais é não criar a falsa ilusão de que tudo está resolvido: para o Brasileirão é necessário um elenco mais forte e uma boa preparação física e psicológica para suportar as instabilidades. Em um campeonato de 38 rodadas, é impossível se manter em altíssimo nível por todo o torneio, tanto na Série A quanto na Série B.
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