Como sobreviver na Libertadores

Na única vez em que enfrentou o Emelec-EQU na Libertadores, em 2012, Flamengo, que contava com Ronaldinho Gaúcho, foi eliminado na fase de grupos
Na única vez em que enfrentou o Emelec-EQU na Libertadores, em 2012, Flamengo, que contava com Ronaldinho Gaúcho, foi eliminado na fase de grupos

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“Mais um brasileiro eliminado!”

“Como esse time que ninguém conhecia e que deve meses de salário chegou tão longe?”

“Meu time tinha obrigação de se classificar e não jogou nada.”

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As mesmas perguntas e afirmações têm surgido no Brasil de forma cada vez mais constante no decorrer da Copa Libertadores nos últimos anos. Embora muitos clubes façam altos investimentos e se planejem de forma antecipada, a fórmula para o título parece estar sempre incompleta.

É fato que a técnica muitas vezes prevalece. Impossível falar da principal competição de clubes das Américas sem lembrar do Boca de Riquelme, do Vasco de Juninho Pernambucano ou do River de Ariel Ortega. Porém, nem sempre o jogar bonito é suficiente.

Assim sendo, enumeramos dez fatores e apontamos algumas dicas que podem fazer a diferença para qualquer clube brasileiro que pretenda enfrentar os desafios do torneio mais almejado no país.

  • A Libertadores é uma guerra sob diversos aspectos. Não basta ter apenas um time tecnicamente bom e mandá-lo a campo. São necessários jogadores capazes de suportar provocações, pontapés e violência. É importante que não percam a cabeça, mas que não corram das divididas.
Técnico, cerebral, chato: Riquelme, o jogador que todo time já quis ter na Libertadores
Técnico, cerebral, chato: Riquelme, o jogador que todo time já quis ter na Libertadores

Possua no mínimo um jogador técnico o bastante que saiba driblar e prender a bola para irritar o adversário e motivá-lo a compensar a falta de nível de habilidade com violência, tornando iminente o risco do botinudo ser expulso e deixar sua equipe em desvantagem numérica.

  • Possua um líder dentro de campo.Toda equipe tem uma capitão, mas nem sempre é o suficiente. Na Libertadores, é necessário que o time tenha alguém que vá além de saber puxar o grito de guerra no túnel. Um jogador de personalidade, que conforme o andamento da partida, exija a obediência tática estabelecida pelo técnico, que tome à frente nas decisões coletivas, que conheça cada companheiro de equipe,que saiba dialogar com os árbitros e que demonstre autoridade perante o elenco e também o adversário.
  • Nunca, em nenhuma hipótese, se iludaapós se classificar sem dificuldades em uma fase de grupos fácil, normalmente composta por meros figurantes da competição.
  • Na segunda fase, no entanto, não subestime de maneira alguma seu oponente pelo seu baixo aproveitamento na primeira fase. Não se deixe influenciar pela imprensa local, não creia tanto em sua técnica brasileira privilegiada e não se coloque em outro “nível”.Na guerra do mata-mata, o psicológico e o tático vem à tona e a dura realidade geralmente bate à porta.

  • Não se engane com os baixos orçamentos dos clubes sul-americanos. Especialmente no Brasil, ter dinheiro não é sinônimo de planejamento, bom elenco e futebol bem dirigido.Nossa superioridade financeira tem servindo somente para pagarmos altos salários para jogadores limitados.
  • Conheça o futebol sul-americano. Os clubes daqui não procuram saber dos adversários, muitas vezes por pura soberba.A Libertadores envolve diversos países e, muitas vezes, times de que os brasileiros sequer ouviram falar. É preciso estudar estilos de jogo, jogadores propensos à falhas, características do campo, pressão da torcida e outros fatores que certamente influenciarão o confronto. Os rivais de fora normalmente sabem muito mais do futebol brasileiro do que o contrário. Foi-se o tempo em que era regra absoluta um time sul-americano vir ao Brasil e viver somente de retranca e jogadas duras nos 90 minutos.
Em 2003, Roger Guerreiro chutou D’Alessandro por trás na cara do árbitro e foi expulso, tornando ainda mais difícil a missão do Corinthians, que acabou eliminado pelo River Plate
Em 2003, Roger Guerreiro chutou D’Alessandro por trás na cara do árbitro e foi expulso, tornando ainda mais difícil a missão do Corinthians, que acabou eliminado pelo River Plate
  • Apesar do inevitável clichê, é imprescindível que se preserve o sangue frio e que se encare todos os jogos de fato como uma decisão. Se mantenha lúcido e calmo para expor a técnica e a habilidade, espere marcação agressiva sem se deixar intimidar e se for dar o troco, que seja sob total discrição e longe dos olhos do árbitro. Aqui, amadores não têm vez.
  • Tenha um treinador mais capacitado não apenas taticamente, mas que saiba falar a língua do jogador em questões de controle emocionalem situações adversas, barrando os possíveis desequilíbrios. Também é fundamental que o comandante conheça o elenco do ponto de vista psicológico e sob intensa pressão, como na hora de escolher os cobradores em uma decisão por pênalti.
São Paulo: mais participações, mais títulos.
São Paulo: mais participações, mais títulos.
  • Esteja na Libertadores.Descobrir caminhos, conhecer as diversas particularidades do futebol sul-americano, seus estádios, estilos de jogo e características de arbitragem requer a prática constante. Não se entende a competição de uma forma geral sem vivê-la. Não por acaso, o São Paulo, clube brasileiro com mais participações no torneio e três títulos, figura como maior vencedor ao lado do Santos. Grêmio e Cruzeiro, dois dos que mais participaram, acumulam duas taças cada.

 

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