
Ganso não é craque e nem meia boca
O ex-meia do Santos e da Seleção Brasileira está sempre duelando contra as manchetes: após uma grande partida, o chamam de craque e merecedor de vestir a amarelinha; quando a atuação é abaixo da média, o jogador é um dos primeiros alvos da imprensa e da torcida. Afinal, qual é a expectativa que se deve colocar sobre Ganso?
Um fator prejudicial ao meia foi seu começo brilhante com a camisa do Santos. Em um time muito ofensivo, jogando ao lado de estrelas como Neymar e Robinho, Ganso se saiu muito bem e todos passaram a considerá-lo uma grande revelação. O problema foi que começamos a imaginar um jogador que não existe. A partir de 2011, porém, o meia passou a conviver com sérias contusões e seu rendimento nunca mais foi o mesmo.
Nada disso quer dizer, porém, que Ganso seja uma enganação ou não consiga mais apresentar um grande futebol. Antes superestimado pela torcida e pela mídia, Ganso passou a ser subestimado por muitos. É preciso entender: o jogador não é nenhum gênio, mas, ainda assim, é superior à maioria.
Em tempos de talentos escassos no meio de campo, o vice-líder em assistências no último Brasileirão pode ser considerado um problema? Pois Ganso foi o responsável por 11 passes para gol na Série A de 2015, atrás apenas de Jadson, que anotou 12. Além disso, o meia são-paulino também deu 65 passes para finalizações.
Mesmo assim, era comum ver o atleta recebendo críticas e mais críticas ao longo da última temporada. É claro que futebol não é feito apenas de números, mas o desempenho de Ganso nas estatísticas equipara ou até mesmo supera o de Lucas Lima, por exemplo: na Série A de 2015, o meia santista anotou 5 assistências e fez 4 gols, enquanto Ganso, além das 11 assistências, marcou 2 gols com a camisa do São Paulo.



Em 2016, o desempenho do jogador é ainda melhor: com a saída de referências como Luís Fabiano e Rogério Ceni, o camisa 10 surgiu como principal jogador do São Paulo na temporada. Além de marcar muito mais gols, o meia tem tido atuações muito boas, especialmente nas partidas decisivas da Libertadores.
Apesar das boas partidas contra o River Plate, pela fase de grupos, podemos dizer que o grande jogo de Ganso até agora foi contra o Toluca, no Morumbi, em jogo válido pelas oitavas de final. Ao analisar a movimentação do jogador no confronto, é possível entender porque o São Paulo fez o melhor jogo da temporada.

Boa parte das chances de gol da equipe tricolor, especialmente no 1º tempo, veio de boas tramas pelos flancos. Observando a movimentação de Ganso, podemos perceber que sua principal zona de atuação foi pelas laterais. As aproximações foram fundamentais para que houvesse triangulações com as duplas Bruno/Kevin e Mena/Michel Bastos. Reparem como Ganso encosta mais no setor esquerdo: não por coincidência, a partida marcou também a melhor atuação de Michel Bastos no ano.
Porém, para a surpresa de muitos, na partida de volta contra o Toluca, assim como já havia acontecido contra o The Strongest, Bauza colocou Ganso na reserva. Segundo o técnico argentino, era necessária uma maior dedicação defensiva do time, algo que o camisa 10 não estava muito acostumado a fazer. Como a classificação veio, não se viu muitas contestações. Mas será mesmo que Ganso não contribui no momento defensivo?
Desde que Muricy retornou ao São Paulo, em 2013, é clara a evolução do jogo defensivo de Paulo Henrique. Desde 2014, o meia se destaca não só com passes e dribles, mas também sem a bola. Tanto no Brasileirão do ano passado quanto na atual Libertadores, Ganso é o 5º jogador no elenco são-paulino com mais desarmes.

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