
Simeone tem a alma da Libertadores
A imagem de Diego Simeone dando um tapa num dos auxiliares na partida contra o Bayern de Munique é emblemática. Fácil de correlacionar com eventos que vemos na Taça Libertadores da América, um baluarte para os fãs de futebol aguerrido. E um momento propício para refletirmos se a paixão e vontade de vencer do treinador não está começando ultrapassar a linha tênue do exagero.
Antes da partida de volta das semifinais da Liga dos Campeões, na coletiva de imprensa, o técnico argentino foi enfático ao dizer que não quer agradar ninguém. Seu objetivo é somente vencer.
“Sinceramente, não perco um segundo nesse debate. O que me importa é só ganhar. Não me preocupo em agradar, sou empregado do Atlético, quem me paga para ganhar”.
Contudo, suas atitudes já estão cobrando o preço. No Campeonato Espanhol, Simeone foi suspenso por toda a reta final após uma bola ser jogada em campo para evitar contra-ataque na partida contra o Málaga. Uma das tantas partidas dramáticas que o Atléti venceu por 1 a 0 nesta temporada. E um estratagema que já vimos algumas vezes nas decisões do futebol sul-americano.
Não ficou claro se foi El Cholo que jogou a bola em campo, ou se mandou o ato ser realizado. No entanto, a regra do campeonato manda punir o treinador nesses casos.
Contra o Bayern, desta vez na Liga dos Campeões, outra mostra do seu desejo inabalável de vencer. Nos últimos minutos da partida, vivendo o habitual drama dentro das quatros linhas que cerca o Atlético de Madrid desde sua chegada, Simeone preparava aquela famigerada substituição no final da partida para ganhar mais alguns segundos. No entanto, o árbitro não autorizou a troca, o que resultou nessa cena tragicômica:
Diego Simeone é inegavelmente um técnico brilhante, que consegue tirar o melhor de seus jogadores e motivá-los ao máximo. Em três temporadas, vai disputar sua segunda final da Liga dos Campeões, além de ter vencido o Campeonato Espanhol, a Copa do Rei e a Europa League. Sucesso inquestionável. No entanto, sua paixão, por vezes, anula a razão, como na atitude que tomou hoje.
Certo ou errado, a pergunta que fica é (parafraseando Gil, o legislador): no futebol vale tudo?