
Analisando Paolo Guerreiro
O ano de 2016 não tem sido bom para o Flamengo. Além do mau futebol apresentado, dos questionamentos sobre Muricy Ramalho e da postura contraditória dos mandatários rubro-negros, uma figura central de críticas é o atacante Paolo Guerrero, que convive com frequentes jejuns de gols desde que chegou à Gávea.
De fato, motivos para a torcida flamenguista reclamar de Guerrero não faltam. Em praticamente um ano no clube, os números do atacante deixam muito a desejar: são 13 gols em 39 jogos (média de 0,33 gols por partida). Além de não marcar, o peruano vem acumulando suspensões: já são 16 cartões amarelos e uma expulsão.
Apesar dos questionamentos sobre o elenco do Flamengo, o atacante não pode reclamar que é mal servido em campo. No Brasileirão de 2015, Guerrero marcou apenas 3 vezes em 55 finalizações a gol: em média, o peruano precisou chutar 18 vezes para fazer um gol! Em 2016, a situação melhorou um pouco, mas nada extraordinário: com 9 gols em 61 finalizações, o número médio de chutes necessários para colocar as bolas nas redes caiu para seis.
Analisando friamente a carreira do atacante, o desempenho de Guerrero no Flamengo não está abaixo das expectativas: a verdade é que o peruano vem rendendo praticamente o mesmo que ele rendeu em todos seus antigos clubes. Considerando toda sua carreira, incluindo a época em que atuou pelo Bayern de Munique B e a seleção peruana, Guerrero marcou 205 gols em 528 jogos (média de 0,39 gols por partida).
Contratado para solucionar o problema do ataque rubro-negro, o peruano só foi artilheiro uma vez de um torneio de longa duração: na temporada 2003-04, Guerrero foi o melhor marcador da quarta divisão alemã. As outras vezes em que liderou o ranking de artilheiros foi em torneios de tiro curto: nas Copas América de 2011 e 2015 e na Primeira Liga desse ano. Além disso, no torneio continental, o atacante marcou quase todos os seus gols em um único jogo: em 2011, três dos quatro gols anotados na competição foram contra a Venezuela; já em 2015, foram cinco gols, três de uma vez só contra a Bolívia, ainda na fase de grupos.
Desde sua transferência para a equipe principal do Bayern de Munique, quando deixou de atuar em divisões inferiores do futebol alemão, o peruano nunca fez mais de 18 gols em uma única temporada. Será mesmo que esses são números para um grande artilheiro, como a diretoria do Flamengo esperava?


Criticado por ficar muitos jogos sem fazer gols, Guerrero, na verdade, está acostumado a grandes jejuns: desde 2004, pelo menos uma vez na temporada o atacante ficou algum momento sem marcar gols. A única exceção é em 2009-10, quando jogou apenas 13 partidas pelo Hamburgo.
Mesmo depois de analisar todos esses números, não é possível afirmar que Guerrero é um jogador ruim. Com um currículo invejável, o peruano tem muitas qualidades como a contribuição sem a bola, a boa movimentação, a execução do pivô… Porém, fazer gols não é uma de suas qualidades e o salário de R$ 900 mil por mês que recebe do Flamengo é muito questionável.
A culpa desse superfaturamento e supervalorização é da diretoria rubro-negra. Por que depositar todas as esperanças de gols em um jogador que nunca foi um goleador? Os profissionais responsáveis pelas contratações do clube não podem se dar ao luxo de cair em mitos criados por torcedores e, em parte, pela mídia.
Enquanto isso, a cada gol não marcado a pressão sobre o jogador aumenta e a imprensa procura desvendar um mistério que não existe. A torcida tem direito de cobrar de Guerrero, mas a verdade é que ele não pode fazer muito mais do que isso.