
Jogadores de sucesso tardio
Quando seu time contrata um jogador desconhecido e você vai atrás para vem o passado do cara e vê que ele não tem nada de mais na carreira, qual sua reação? Ainda mais quando vê que esse jogador nem é mais tão jovem e isso significa que também não é uma promessa. Sei que a maioria destas apostas dão errado, mas existem casos que os jogadores começam a despontar mais tarde e acabam fazendo sucesso. Veja alguns casos.
Para começar, vamos analisar a situação de um dos destaques da Copa América e que vem sendo cobiçado por grandes clubes do Brasil, como Santos e Fluminense: Alejandro Guerra, meia venezuelano que atua no Atlético Nacional.

Apesar do bom desempenho na atual Copa América e na Libertadores, o jogador é visto com desconfiança no Brasil. Aos 30 anos, o meia só deixou seu país natal em 2014. Se ele é bom mesmo, como não apareceu antes? A situação fica ainda mais estranha ao ver que o jogador aparece nas convocações da Venezuela desde 2006 e, ainda assim, demorou quase dez anos para ser contratado por um clube de fora.
Guerra é um meia que domina quase todos os fundamentos da posição. Longe de ser um gênio, mas um jogador que dita o ritmo, ocupa os espaços, avança ao ataque, oferece o combate e dá opção às laterais não pode ser desprezado. Desde 2014 atuando na Colômbia, o atleta foi peça fundamental do Atlético Nacional no vice-campeonato da Sul-Americana de 2014 e no último título colombiano da equipe.
O jogador é uma aposta, mas tem grandes chances de dar certo no futebol brasileiro, mesmo após despontar tardiamente na carreira. No futebol mundial, não faltam exemplos como o de Guerra.

Na última edição da Premier League, há dois casos clássicos que mostram como, às vezes, é preciso ter paciência com determinados jogadores. Hoje em dia todos sabem quem é Jamie Vardy, destaque do Leicester, campeão inglês. Porém, poucos sabem que sua carreira só despontou mesmo aos 25 anos.
Desde quando se “profissionalizou”, em 2007, até 2012, o atual centroavante da seleção inglesa só havia defendido equipes da 8ª e da 5ª divisão da Inglaterra. Até 2010, Vardy jogava bola e tinha outro emprego ao mesmo tempo!
Após início complicado no Leicester, o atleta se tornou peça fundamental dos foxes no acesso para a 1a divisão, em 2014, e no título inglês da última temporada. Ao todo, foram 34 jogos e 22 gols, o que lhe rendeu o status de ídolo em seu clube e uma vaga no English Team.

Outro jogador que vive dias de glória é Dimitri Payet, meia do West Ham e da seleção francesa. Em proporções diferentes a Vardy, podemos dizer que Payet também faz parte desse time de “craques tardios”. Por mais que acumule convocações para a seleção francesa desde 2010, a carreira do meia sempre se resumiu ao futebol local.
Até 2015, o maior clube de Payet havia sido o Olympique de Marselha. No final da temporada passada, o jogador conseguiu se transferir para o West Ham, que também está longe de ser uma equipe de primeira linha no futebol mundial. Ainda assim, foi nos Hammers, aos 28 anos, que o meia conseguiu subir de patamar.
Caracterizado pela técnica e pela bola parada mortal, o jogador foi fundamental na surpreendente campanha do West Ham no último Campeonato Inglês, quando o clube brigou pela vaga na Champions League até o final, terminando na 6ª colocação.

O futebol brasileiro, em níveis diferentes, também tem seus exemplos de atletas que só despontaram tarde no esporte.
Com um currículo de respeito, com passagens por São Paulo, Grêmio, Santos e Cruzeiro, o atacante Borges fez seu nome no futebol brasileiro, mesmo sem ser considerado um craque. Porém, a grande virada na trajetória do atacante só aconteceu aos 25 anos.
Borges se profissionalizou aos 21 anos, no modesto Arapongas. Seu grande momento no futebol só aconteceu em 2006, quando foi o artilheiro do Paraná no Campeonato Brasileiro. Após passar pelo Japão, o atacante se transferiu pela primeira vez para um clube grande aos 27 anos, quando acertou com o São Paulo.
Hoje aos 35 anos, o jogador do América-MG é o 3º maior artilheiro do Brasileirão por pontos corridos e, além de colecionar títulos, acumula prêmios individuais como a Bola de Prata da revista Placar em 2008 e artilharia do Brasileirão de 2011.

Outro jogador que começou “tarde” foi Leandro Damião. Após chegar ao Internacional em 2010, aos 21 anos, o jogador chegou a ser “devolvido” para as categorias de base do clube, uma vez que havia pulado essa etapa da carreira quando começou nos profissionais do Atlético de Ibirama, em 2007.
Em 2011, o jogador despontou de vez para o futebol, já com 22 anos. Depois de se destacar na Libertadores daquele ano, viveu dois excelentes anos com a camisa colorada, o que lhe rendeu propostas europeias e a titularidade nos jogos Olímpicos de Londres. Depois disso, o atacante caiu de rendimento e, mesmo com passagens recentes por Santos e Cruzeiro, nunca voltou a se firmar. Damião ainda não conseguiu um status que jogadores como Payet e Vardy atingiram, mas, de qualquer forma, não dá para negar seu potencial.

Também com passagem pelo Internacional, um exemplo atual de bastante sucesso no futebol brasileiro é Lucas Lima. O meia da Seleção e do Santos chegou ao colorado em 2012, aos 22 anos.
Após um começo ruim, o jogador foi emprestado ao Sport. Mesmo com a boa temporada no clube de Recife, o clube gaúcho não fez muita questão de continuar com o atleta. No começo de 2014, Lucas Lima foi repassado a um grupo de investidores pelo valor de 5 milhões de reais.
Somente aos 24 anos, o jogador chegou ao Santos, onde finalmente despontou e se tornou um dos principais jogadores do futebol brasileiro. Quem faria essa aposta em janeiro de 2014?

É claro que essa não é a lei do futebol. A maioria dos jogadores com uma certa idade e sem nenhum currículo não consegue atuar em alto nível. De qualquer forma, as avaliações em cima de contratações desse tipo não podem vir acompanhadas desse preconceito. É necessário fazer uma avaliação recente de cada atleta e colocar na balança o custo benefício e as necessidades de cada time. Muitos clubes acabam perdendo boas oportunidades de negócio devido à má avaliação de atletas, sejam eles jovens ou “veteranos”.
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