
Técnico polonês reencontra Portugal
O técnico polonês Adam Nawalka já possui uma ligação com a seleção antes mesmo de tornar técnico. Com apenas 19 anos ele já fazia parte da seleção nacional quando atuava pelo Wisla Cracóvia. Teve o privilégio de jogar com alguns craques do futebol polonês em um belo time que na copa de 74 conseguiu um inédito 3º lugar. Ele geralmente fazia o trabalho de coadjuvante para as estrelas do time poderem brilhar, mas se sentia muito feliz de jogar ao lado de grandes jogadores. Em 77 houve um empate com Portugal por 1 a 1 que os classificaram par a copa deixando os gajos fora de mais uma copa.
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Nawalka esteve na Copa do Mundo e foi um dos destaques da Polônia, que fez grande campanha na fase de grupos, mas acabou eliminada por Argentina e Brasil na segunda etapa da competição. Ao lado de Boniek, o meio-campista permaneceu como uma das apostas da seleção na renovação gradual que acontecia. No entanto, não teria outra chance de brilhar. Seu país ficou um ponto atrás da Holanda e perdeu a classificação para a Eurocopa em 1980. Já na sequência, o jovem começou a sofrer com as lesões. Após completar 23 anos, não foi mais convocado e perdia espaço no Wisla Cracóvia. Insistiu na carreira até os 27 anos, quando realmente percebeu que os problemas o impediam de atuar em alto nível. Depois disso, mudou-se para os Estados Unidos, onde se juntou a uma equipe semiprofissional da comunidade polonesa em Nova York. Sofreria um bocado até retornar à seleção.
Nawalka deixou o futebol muito cedo e por causa de sua curta carreira começou a sofrer por não ter conseguido guardar dinheiro suficiente e não possuía apoio nenhum do governo polonês. Decidiu então ficar no Estados Unidos onde arrumou um trabalho de cortador de arvores para que se pudesse colocar os fios de postes em redes elétricas, esse trabalho porém lhe ajudou a se tornar quem ele é hoje. Um pouco mais tarde retornou a Polônia e teve outras ocupações como vendedor de carros e produtos de beleza até encontrar novamente um caminho que o levaria novamente aos gramados. Então foi para Itália começar um treinamento para ser treinador.
Em uma escola de treinadores fortíssima, Nawalka teve a chance de estagiar até mesmo na Roma de Fabio Capello. Mas o recomeço no futebol não foi fácil. Em sua antiga casa, no Wisla Cracóvia, desempenhou funções diretivas, com rápidas passagens como técnico no início dos anos 2000. Rodando também por clubes médios, teve sua primeira chance na seleção entre 2007 e 2008, como assistente. Sua facilidade com o inglês o tornou braço direito do holandês Leo Beenhakker, o escolhido para conduzir a Polônia rumo à Euro 2008. Conseguiu, deixando até mesmo Portugal para trás nas Eliminatórias, mas a equipe não avançou na fase de grupos.
Quando voltou a trabalhar em clubes nacionais chegou a ter mais voz ativa no clube do Gonik Zabrze. O bom relacionamento com Boniek lhe ajudou muito a chegar a seleção, visto que era necessário uma renovação após os poloneses não se classifirem para a copa de 2014. Seu estilo disciplinado e concentrado lhe deu destaque, qualidades que eram procurada pela federação polonesa de futebol. Isso foi umas coisas conquistadas pelo treinador ao longo de sua vida.
Apesar da fama de durão e supersticioso, Nawalka cumpre os objetivos com a Polônia. Classificou o país em um grupo duro nas Eliminatórias da Euro e faz boa campanha na França. Se o destaque do time é Lewandowski, o treinador conseguiu moldar sua equipe além do astro. Afinal, o artilheiro não passa por um bom momento e a principal virtude dos poloneses vem sendo a segurança defensiva, em uma equipe que não fica muito tempo com a bola, mas combina solidez e velocidade nos contra-ataques. Predicados que serão mais do que necessários nesta quinta, quando o técnico reencontra Portugal. Quando resgata o passado sabendo que, de alguma forma, já venceu.