
Na Europa, a preparação não é prioridade
A pré-temporada dos clubes europeus acontece tradicionalmente há muitas décadas. Desde sempre, tinha a intenção de ser o tempo necessário na preparação do elenco com jogos não oficiais. Mas com o alcance absurdo da comunicação no século XXI, a pré-temporada virou sinônimo de negócio.
As fotos acima são do amistoso entre Manchester United e Real Madrid, em 2014, nos Estados Unidos, que atraiu uma incrível multidão, mesmo sendo um amistoso. O palco escolhido foi justamente o Estádio de Michigan, o maior do país, com capacidade para 109 mil pessoas. Lotação máxima para que fossem superados os 101,8 mil levados à final do futebol nas Olimpíadas de 1984.
Sabendo disso, se você ainda acha que hoje a principal preocupação de um clube ao realizar uma pré-temporada é se preparar para os jogos oficiais, você está enganado. Por incrível que pareça, o tópico menos importante no verão europeu é a preparação.
Ali é onde os clubes do velho continente podem mostrar sua força em cenário mundial, mas no caso, exibindo sua marca bem longe de seus países. Aliás, a pré-temporada virou vitrine. Torneios que começaram com intuito da real preparação dos elencos, virou evento milionário para atrair milhares de fãs de qualquer parte do mundo.
A grande sacada dos organizadores é a reedição de jogos que decidiram grandes campeonatos. Para isso, reúnem campeões da Uefa Champions League e das maiores ligas nacionais de pontos corridos da Europa.
Um exemplo de torneio de pré-temporada que é repercutido em todo o mundo é a Champions Cup. O mesmo tem início em julho e costumeiramente é disputado na América do Norte (Estados Unidos), Oceania (Austrália) e Ásia (China). No torneio, um fato que chama muito atenção é a quantidade de clássicos mundiais.
Times consagrados aceitam o convite dos organizadores e unem forças para que a imagem do clube possa render dinheiro e novos torcedores.
Muitas vezes, os jogos não são tão atrativos quanto deveriam. A maioria dos astros defende sua seleção em algum torneio oficial e voltam para o clube praticamente no fim da pré-temporada. Alguns, nem chegam a jogar os amistosos.
Para o lado do torcedor é sempre uma festa. Aliás, não é sempre que se vê um dos melhores times do mundo visitando seu país, ou melhor, a sua cidade. E mais, enfrentando grandes adversários, reeditando jogos que só se via pela televisão.
Além de todo o retorno em visibilidade, marketing e valorização da marca do clube, muitos amistosos se tornam históricos.
Um bom exemplo é o tradicional Troféu Joan Gamper, que teve sua estreia no ano de 1966. O Joan Gamper é o torneio amistoso que marca o início da temporada no futebol espanhol. Organizado pelo Barcelona, já chega, neste ano, à sua 50ª edição e leva o nome do primeiro presidente do clube.
Como dito acima, alguns desses amistosos acabam sendo históricos. Como em 2010, quando Barcelona enfrentou o Milan no Camp Nou, em amistoso valido pelo torneio. Foi a primeira e única vez que Ronaldinho Gaúcho enfrentava o ex-clube azul grená. Ele teve um vídeo com suas jogadas exibidas no telão do estádio, foi homenageado por mais de 90 mil pessoas, saiu na foto do time adversário, perdeu o jogo e ainda assim saiu com o troféu Johan Gamper nas mãos. Na ocasião, o troféu ficaria com o clube do Barcelona, mas, Puyol entregou o troféu a Ronaldinho como forma de homenagear toda a sua história no Barcelona. Algo totalmente fora dos padrões entre adversários numa final.
Além dos torneios já citados, se destacam o troféu Luigi Berlusconi, na Itália, a Copa Emirates, na Inglaterra, a Copa Auddi, na Alemanha e a Flórida Cup, nos EUA. Todos esses ganharam proporções mundiais, reconhecimento entre os maiores clubes da Europa e viraram um grande motivo para serem televisionados por canais de outros países.
Quem ganha com isso é o clube, que no caso, consegue levar sua imagem para outro país, cobrar por ela em outras culturas, ganha por direitos televisivos e ainda conquista novos torcedores.
Num mundo onde a comunicação ficou cada vez mais acessível, a preparação do clube para a temporada ficou em segundo plano. Mas e aí? O clube realmente tem que aproveitar para ganhar dinheiro ou para se preparar? Qual deveria ser a prioridade?