
Higuaín: Valeu a pena a troca?
Seu valor foi 94 milhões de Euros. Mas a supervalorização não está apenas no valor da proposta. Higuaín tinha uma proposta do Arsenal de 60 milhões de euros e ainda por cima o clube napolitano ficaria com Giroud. Uma bela proposta para o Napoli, mas o jogador não aceitou. Não satisfeito os chineses resolveram atacar e fizeram uma proposta irrecusável para o jogador onde ele faturaria 4,5 milhões de dólares por mês. Irrecusável? Não para o argentino. Se aceitasse ele se tornaria o jogador mais bem pago do mundo.
Estaria se desenhando um desfecho perfeito de um ídolo respeitável do tradicional Napoli? Ele repetiria o mesmo feito de Maradona, quando recusou a Juve por uma proposta de um cheque em branco? Não. Infelizmente (para o futebol), não. A proposta de 94 milhões de euros pode ser considerada boa? Sim, excelente, se parar para analisar Cristiano Ronaldo foi por 96 milhões de euros para o Real (ok, épocas diferentes, mas vai estar na história a semelhança dos valores).
Não acho que Higuaín tenha saído por causa de dinheiro. Se esse fosse o caso teria ido para China. O que chamou a atenção em seu novo clube foi ter a oportunidade de jogar com jogadores melhores ao seu lado e a possibilidade de ganhar títulos. Mas existem alguns pontos inversos para se prestar atenção nesse caso. Na temporada passada o jogador muitas vezes criticou os árbitros e os acusou de beneficiarem a Juve. Muitas palavras que iludiam o torcedor e assim ele se tornou uma referência no Napoli.
Tamanha incoerência, infelizmente não surpreende. Hoje em dia vivemos uma era de jogadores que não aceitam verdadeiros desafios, salve exceções. Clubes que dominam um cenário viram objeto de desejo dos jogadores, vale tudo por um título, inclusive se transferir para um rival (isso não vale só para o Higuaín). Títulos como os últimos da Ligue 1, Bundesliga e da Série A italiana, infelizmente, não marcam. Até entram para a história, mas marcar é diferente. Ganhar títulos ou ser ídolo? Nem todo jogador do Bayern, PSG ou Juve são necessariamente ídolos, mas pela qualidade que eles possuem poderiam ser ídolos em alguns bons clubes. Isso vale para aqueles reservas de luxo, os caras que são acima da média, mas por comodismo ficam algumas temporadas sendo “campeões” nesses clubes. Se voltarmos no tempo veremos que a coisa não era bem assim antigamente, grandes esquadras que encantavam, muito das vezes se tornavam campeões e se houvesse algum tipo de domínio no campeonato isso era confirmado no campo e não na mesa de negociação, isso deixava a conquista mais bela, mais inesquecível. Será que no futuro os fãs de futebol vão saber escalar o PSG, Bayern e Juve? Será que vence encantando tanto assim? Talvez, mas a diferença técnica é grande, em algumas vezes desleal.
Claro que não tem nada de errado a Juve pagar um valor desses pelo jogador. Isso até mostra o quão o clube está organizado com suas finanças. Hoje se faz muitas coisas por dinheiro. Mas existem as exceções que não olham apenas para sua conta bancária e tenho certeza que Higuain não saiu apenas por dinheiro. A chance de conseguir ganhar títulos em sua carreira após ficar 3 anos no “quase” com a Argentina e superar a decepção de ter sido suspenso na reta final do campeonato quando sua equipe tinha todas as chances de conseguir o título, ajudaram e muito na decisão. Mas o que não se entende é que não são apenas títulos que fazem um jogador ficar na história, talvez ficar no Napoli onde ele já era considerado ídolo e sacramentar esse posto seria a muito melhor do que ganhar uma taça da Série A sendo apenas mais um no clube.