O estranho e engraçado caso do roubo da taça Jules Rimet

 Em uma noite quente como de costume no Rio de Janeiro ocorreu um fato inusitado. O troféu mais valioso do futebol brasileiro foi roubado. O desaparecimento da Jules Rimet até parece um conto, pois foi roubado de uma forma que ninguém sabe explicar e até hoje não sabemos que fim levou a taça. A história é tão boa que o diretor de cinema Caíto Ortiz resolveu fazer um filme sobre a história. O filme será lançado no dia 8 de Setembro e seu nome será “O roubo da taça”

Bastou aos ladrões, José Luiz Vieira da Silva, negociante de ouro, e Francisco Rocha Rivera, ex-policial, entrarem na sede da CBF, na Rua da Alfândega, renderem um guardinha e desencaixarem os pregos que prendiam um vidro blindado à parede para ganharem acesso ao troféu, que exigiu três títulos mundiais para ser de posse definitiva do Brasil. O crime foi arquitetado pelo bancário Sérgio Pereira Ayres, o Peralta. Os três pegaram nove anos de prisão, mas nenhum cumpriu a pena completa.

O troféu foi levado a um Argentino especialista em ouro que foi condenado a três anos de prisão. Sua primeira história foi que ele teria derretido a taça. Depois confessou ter vendido. O que aconteceu de verdade ainda é um mistério. A FIFA ainda acha que a taça existe e diz estar fazendo de tudo para encontra-la.

O bom da ficção é que o cineasta pode escrever sua própria verdade, desde que bem construída. É isso que o diretor Caíto Ortiz, que também assina o roteiro do longa-metragem, tenta fazer. E o aviso vem logo de imediato: “Uma boa parte disso realmente aconteceu”. Ele afirmou que realizou uma pesquisa com jornais da época para tentar manter a história fidedigna, mas diante da ausência de muitos detalhes, assumiu certa liberdade narrativa. Os três ladrões foram fundidos em apenas dois, Rocha e Peralta, que no filme coloca as mãos na massa, ao contrário da versão real do crime. Dolores (Taís Araújo), mulher de Peralta, nunca existiu. E o paradeiro que o roteiro dá à Jules Rimet também não é verdadeiro (ou é, vai saber?).

O diretor diz que as partes mais estranhas podem parecer invenção, mas ele afirma que são baseadas em fatos reais. “Uma história inacreditavelmente real”, está escrito nas divulgações. E vendo de uma forma melhor, isso tem um sentido. Veja os fatos com calma. Um troféu muito valioso como o Jules Rimet estava no escritório do presidente da CBF exposto como orgulho, em um edifício muito fácil de entrar e contava com apenas um guarda para proteger a sala. Alguma anta inverteu os valores e ao invés de guardar a verdadeira taça no cofre, guardou a réplica e a verdadeira ficou exposta as pessoas.

Conte isso para um desavisado e ele dirá que é mais verídico derrubar um helicóptero com um carro. Mas, como estamos falando da CBF, ok, pode ser. O próprio personagem do presidente Giulite Coutinho, na repercussão do crime, resume o absurdo da situação: “Como nós ganhamos três Copas do Mundo?”.

O personagem principal é o metido a malandro Peralta interpretado por Paulo Tiefenthaler. Seu emprego era em uma seguradora como vendedor mas sua maior habilidade era enganar as pessoas, como quando ia doar sangue para faltar no serviço ou até mesmo enganando pessoas próximas com esquemas de pirâmide. Com alguns amores como Dolores, o Flamengo e jogos de apostas. E é por causa dos jogos que o malandro tem a idéia de roubar a taça Jules Rimet, pois precisava pagar uma alta dívida que ganhou nestes jogos de apostas.

Gostava de se gabar que era cartola (não era) porque um amigo lhe dava acesso ao prédio da CBF. Sua brilhante ideia para saldar as dívidas, digna de um cartola de ofício, foi roubar a réplica – pelo menos ele achava que era a réplica – da taça Jules Rimet. O crime foi bem sucedido. O problema foi encontrar um comprador para um dos maiores símbolos do orgulho nacional. Quando tentou vendê-lo ao personagem interpretado por Mr. Catra, foi escorraçado sob a mira de uma espingarda. Acaba fazendo negócio com um ourives argentino, fã de futebol, que, em vez de derretê-la, guarda-a em um fundo falso no assoalho. Como na realidade, os responsáveis pelo crime são presos, mas a taça tem um final alternativo, que você precisará ir ao cinema para descobrir.

Não é necessário ser um grande entendedor de futebol para compreender a história, os acontecimentos mais importantes sobre a história da taça vão acontecendo durante a narrativa. Algumas partes são ótimas, como quando os policiais começam a interrogar o presidente da CBF e perguntam porque a réplica estava no cofre sendo que a verdadeira que deveria estar lá. Chega uma hora em que o presidente afirma que a CBF é uma séria instituição, uma piada pois sabemos que não é.

“O Roubo da Taça” é uma comédia despretensiosa. Caricata, às vezes um pouco rasa, mas sem ser muito escrachada e exagerada. Arranca risadas naturalmente, e os personagens, mesmo o ladrãozinho sem vergonha do protagonista, inspiram simpatia. Nenhuma obra prima do cinema brasileiro, mas o filme diverte durante a uma hora e meia em que ele pede a sua atenção.

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