Conheça o San Lorenzo da Argentina

O San Lorenzo nasceu de um padre. Sim, o padre Lorenzo Bartolomé Massa foi fundamental para o surgimento de um dos grandes clubes da Argentina. Isso porque Lorenzo tinha uma grande visão social e tirava as crianças das ruas e as levava para um oratório, onde, entre outras coisas, praticavam futebol. Depois de muito tempo, em uma assembléia, no dia 1º de abril de 1908, ficou decidido que os jogadores de futebol do Oratorio Santo Antonio teriam um time que passaria a se chamar de San Lorenzo de Almagro. A princípio, a equipe seria chamada de Los Forzosos de Almagro, mas como poucos gostaram do nome, o padre Lorenzo resolveu batizar o clube de San Lorenzo em sua própria homenagem.

Os primeiros passos

O San Lorenzo só foi se filiar a Associação Argentina de Futebol em 1914, 6 anos depois de sua fundação. A partir daí, o clube passou a fazer parte da terceira e da quarta divisão do futebol argentino. Esta última, por sua vez, disputada por juvenis. Sem estádio próprio, o San Lorenzo começou a disputar seus jogos na cancha do Martínez, um pequeno clube de Buenos Aires. Na sua estreia na terceira divisão, o Ciclón conseguiu terminar em primeiro lugar de seu grupo, mas empatado em mesmo número de pontos com o Unión Excursionistas, o que obrigou as equipes a entrarem em campo para decidir quem seguiria em frente. Na primeira partida, 1 a 1. Na volta, no entanto, o San Lorenzo não tomou conhecimento e aplicou uma sonora goleada: 5 a 0. Na semifinal, o San Lorenzo bateu o Sportivo Buenos Aires por 1 a 0 e chegou a final do certame, onde venceu o Germinal por 5 a 2 e sagrou-se campeão da terceira divisão argentina.

Em 1915, a AAF se uniu com a Federação Argentina de Futebol e resolveram criar um novo campeonato. Com isso, ficou decidido que as equipes que venceram as divisões inferiores da AAF, iriam jogar uma final para decidir quem iria disputar a nova primeira divisão. Com isso, San Lorenzo e Honor y Patria de Bernal entraram em campo e com um 3 a 0, o San Lorenzo conquistou o direito de jogar a primeira divisão sem ter passado pela segunda.

No dia 7 de maio de 1916, o El Gasómetro, primeiro estádio do clube, enfim, foi inaugurado. Na estreia, vitória do San Lorenzo frente ao Estudiantes pelo placar de 2 a 1. O primeiro gol do estádio foi marcado por Antonio Moggio, aos 15 do primeiro tempo. Em fevereiro de 1919, juntamente as equipes do Atlanta, Huracán, Ferro, Estudiantil Porteño y Sportivo Almagro, foi criado o Torneo Caballito, cujo o campeão foi o San Lorenzo. Nos anos de 1923, 1924 e 1927, o San Lorenzo sagrou-se campeão da primeira divisão argentina.

Era profissional 

No ano de 1931, enfim, foi criada a AFA, e, consequentemente, o futebol argentino passou a ser profissional. O primeiro campeonato profissional foi vencido pelo Boca, o segundo pelo River. O San Lorenzo, que era visto como favorito nos dois primeiros, só conseguiu confirmar seu favoritismo em 1933. O campeonato só foi decidido na última rodada, quando o San Lorenzo precisava da vitória e torcer contra o Boca. O Ciclón venceu o Chacarita por 1 a 0 e viu o River vencer o Boca por 3 a 1. Ou seja, o San Lorenzo, enfim, era campeão argentino.

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Em 1936, no segundo campeonato organizado pela AFA,  que seguia os mesmos moldes da Liga Argentina, com os mesmos 18 times, o San Lorenzo voltou a fazer bonito e foi campeão da Copa de Honor, algo parecido com o 1º turno. O Ciclón terminou a competição com 28 pontos, três a mais que o vice-campeão, Huracán. O título permitiu ao San Lorenzo disputar a Copa de Oro contra o River, que foi campeão da Copa Campeonato. No embate, melhor para o River.

Em 1943, o azulgrana voltou a soltar o grito de campeão, dessa vez em uma copa. A Copa de La República. O primeiro adversário foi nada menos que o River Plate, mas o San Lorenzo venceu por 4 a 2 e seguiu adiante e enfrentou o Estudiantes e conquistou nova vitória, dessa vez, no entanto, mais apertada, 3 a 2. Nas quartas de final, o Ciclón enfrentou o modesto Puerto Comercial e goleou por 4 a 1. Na semifinal, o San Lorenzo enfretaria seu rival histórico, o Huracán. E a partida foi cheia de tensão até o último minuto, terminando empatada em 2 a 2 e forçando um segundo jogo, que tão tenso quanto o primeiro, mas acabou com vitória do azulgrana, 2 a 1 e vaga na final, onde enfrentou o General Paz Juniors e enfiou um sonoro 8 a 3 para sagrar-se campeão.

Após isso, o San Lorenzo passou mostrou um bom futebol, apesar de oscilar em alguns, até o fim dos anos 70. Foi campeão argentino em 1946, 59 e 68. Além de conquistar dois vices, em 57 e 61. A equipe que jogou o fim dos anos 40 e início dos anos 50 serviu de inspiração para Pep Guardiola, como ele já disse, pois jogava um futebol bonito e com muito toque de bola. Outro momento histórico é que a equipe disputou amistosos contra a Espanha e Portugal e foi imbatível. Fez 13 gols na Espanha em duas partidas e 10 em Portugal, também em duas partidas. Um feito histórico.

Anos de ouro

O fim dos anos 60 e início dos anos 70 trouxe ao San Lorenzo muitas glórias, tanto que é visto com os anos dourados da equipe. Campeão argentino em 68, a equipe foi vice-campeã nacional em 71. No ano seguinte, no entanto, o San Lorenzo dominou o futebol argentino. Foram dois títulos argentinos, o Nacional e o Metropolitano, turno e returno. Essa foi a primeira vez que um clube da Argentina conseguiu conquistar os dois títulos na mesma temporada. Além de que no Nacional a equipe foi campeã sem perder um único jogo, com 11 vitórias e 3 empates.

Em 1974, o San Lorenzo voltou a sagra-se campeão e o destaque da equipe foi, sem sombra de dúvidas, Héctor Scotta, goleador da equipe e que chegou a marcar incríveis 60 gols em um ano e ficou conhecido como o goleador máximo do futebol argentino em apenas um ano. O que ninguém esperava era que os anos seguintes seriam trágicos na história do azulgrana.

Equipe base de 1974.
Equipe base de 1974.

Os piores anos do San Lorenzo

Incrivelmente, os piores anos do Ciclón vieram logo depois dos melhores. Uma série de má administrações, problemas econômicos, não só do clube, mas como da Argentina e sucessão de governo ineficazes levaram o San Lorenzo para o buraco. A situação piorou ainda mais quando em 1976 foi dado um novo golpe militar na Argentina. O caos econômico em que o San Lorenzo se encontrava foi tão grande que o clube se viu “obrigado” a vender o seu estádio para a ditadura.

No dia 2 de dezembro de 1979, o San Lorenzo entrava pela última vez no El Gasómetro. Frente ao Boca Juniors, o azulgrana ficou no 0 a 0 e se despediu de sua cancha com um empate. O time que jogou aquela partida era formada por: Corbo; Pena y Schamberger; O.Ruiz, O.Rinaldi (Mancinelli) y Gette; Coscia, Collavini, Marchetti, Insua (Rodas) y Rizzi.

E tinha como piorar. Em 1980, o clube escapou do rebaixamento por muito pouco. No ano seguinte, no entanto, sem dinheiro para montar um bom elenco e com muitos jogadores jovens, o Ciclón não conseguiu escapar e foi rebaixado para a segunda divisão pela primeira vez em sua história.

“Y esta banda que esta descontrolada no te deja de alentar”

Na segunda divisão, o San Lorenzo viu o tamanho da paixão de sua torcida. A hinchada não abandonou o clube, muito pelo contrário, apoiou ainda mais. Prova disso é o histórico jogo contra o Tigre, que foi disputado no Monumental de Nuñez, válido pela 6ª rodada da segunda divisão. A torcida do San Lorenzo simplesmente invadiu a cancha do River e colocou mais de 74 mil torcedores (70 mil pagantes) e estabeleceu um recorde de público em um jogo válido pelo futebol argentino. Além disso, esse público só perde para Argentina x Holanda pela final da Copa de 1978 (78 mil) e para River Plate x América de Cali pela final da Libertadores de 86 (81 mil).

No dia 6 de novembro de 82, jogara contra o Gimnasia La Plata pela 40ª rodada da 2ª divisão, faltando duas rodadas para o fim do certame. O jogo foi tenso e somente aos 36 minutos da etapa complementar que o San Lorenzo conseguiu abrir o placar, com Rúben Insúa, de pênalti. Aos 42 do segundo tempo, eufórica com o provável acesso, a torcida do San Lorenzo invadiu o campo e colocou um fim no jogo. O San Lorenzo estava de volta a elite.

Histórico jogo em que os ‘Cuervos’ tomaram o Monumental de Nuñez.
Histórico jogo em que os ‘Cuervos’ tomaram o Monumental de Nuñez.

Fim do jejum

Apesar de ter voltado para a elite, o San Lorenzo passou um bom tempo sem disputar algo. Até conseguiu dois vices, mas a equipe buscou se reestruturar para evitar uma nova queda. Em 1993, após anos sem um estádio, foi inaugurado o Nuevo Gasómetro. A partida de estreia foi um amistoso contra o Universidad Católica em que o San Lorenzo venceu por 2 a 1. A primeira partida oficial veio dias depois contra Belgrano e, novamente, vitória do Ciclón, 1 a 0.

Com estádio novo e com a economia nos rumos certos, estava na hora do clube voltar a disputar títulos. Em 1994, a equipe bateu na trave, sendo vice-campeã do campeonato argentino, perdendo o título para o River. Em 1995, no entanto, o jejum de 21 anos chegou ao fim. O azulgrana chegou a última rodada precisando vencer o Rosario Central em Rosario e torcer para derrota do Gimnasia. E isso aconteceu. O Gimnasia foi derrotado pelo Independiente e o Ciclón conseguiu bater Los Canallas e foi campeão na última rodada do Clausura diante de mais de 30 mil torcedores que viajaram para Rosario para ver o clube colocar um fim no longo jejum.

Começo dos anos 2000

Virou o milênio, era hora de escrever uma nova história. E essa história começou a ser escrita em 2001, que tinha tudo para ser um ano pelo qual o clube não ia disputar nada. Isso porque o clube começou mal o campeonato argentino e viu uma “crise” explodir dentro do vestiário, com jogadores e comando técnico se desentendendo, o que resultou na saída de Oscar Ruggeri. O clube então trouxe um técnico chileno, Manuel Pellegrini. Na oitava rodada do campeonato, o time perdeu para o River por 3 a 1. A campanha do time era aceitável até então: 4 vitórias, 2 empates e duas derrotas. Mas o improvável aconteceu. Nos 11 jogos seguintes, o San Lorenzo venceu todos e tirou uma diferença de 5 pontos para o River Plate e conseguiu ser campeão argentino numa arrancada histórica que é recorde de vitórias consecutivas no futebol argentino até hoje, 13 vitórias seguidas (11 pelo Clausura e duas no Apertura).

Time que conseguiu a reação histórica.
Time que conseguiu a reação histórica.

Mas faltava títulos internacionais para o clube. Não por muito tempo. Ainda em 2001, o clube foi disputar a Copa Mercosul. O San Lorenzo terminou entre os melhores segundos da fase de grupos e seguiu adiante, onde eliminou o Cerro Porteño nas quartas, o Corinthians na semi e foi decidir o título contra o Flamengo. Na partida de ida, no Maracanã, 0 a 0. Na volta, 1 a 1. Como não havia o critério de gols fora de casa, a decisão foi para os pênaltis. Em uma disputa emocionante, o San Lorenzo sagrou-se campeão após vencer o Fla por 4 a 3 nas penalidades. Era o primeiro título internacional da equipe.

Um ano depois, era disputada a primeira edição da Copa Sul-Americana. Com a moral lá no alto, o San Lorenzo foi eliminando rival por rival. Primeiro foi o Monaga, depois Racing e Bolívar até chegar na final contra o Atlético Nacional. Na partida de ida, no Atanasio Giradot, o San Lorenzo surpreendeu a todos e aplicou uma sonora goleada: 4 a 0. Na partida de volta, com o apoio de sua torcida, o Ciclón jogou tranquilo e ficou no 0 a 0, sagrando-se campeão da Sul-Americana.

Os campeões da primeira Sul-Americana.
Os campeões da primeira Sul-Americana.

Dias atuais

Os últimos 10 anos do San Lorenzo podem ser considerados como uma “segunda parte” dos anos de ouro. Isso porque em 2007 a equipe voltou a ser campeã argentina. Em 2012, no entanto, a equipe sofreu bastante e por muito pouco não foi rebaixada, mas o que poucos esperavam era que os próximos dois anos entrariam para a história do clube.

Em 2013, logo após de escapar do rebaixamento, poucos apostavam no Ciclón para a conquista do campeonato argentino, mas contra tudo e contra todos, o azulgrana foi conquistando pontos importantes e quando todos viram, a equipe que quase foi rebaixada no ano anterior, sagrou-se campeã argentina e foi disputar a Libertadores.

Na disputa da Libertadores, o San Lorenzo sofreu para passar. Na última rodada da fase de grupos, o Ciclón precisava vencer o Botafogo por 3 a 0 e torcer para o Del Valle perder para o Unión Española. Nem mesmo o mais importante diretor de Hollywood seria capaz de fazer uma trama tão sofrida e emocionante como essa. O San Lorenzo vencia o Botafogo por 2 a 0 enquanto que o Del Valle vencia por 3 a 1. Mas, como em um milagre, o Unión Española, virou a partida diante do Del Valle para 5 a 4 e, aos 43 minutos do segundo tempo, Ignacio Piatti fez o terceiro gol do San Lorenzo. Era o gol da classificação. O gol que fez o Nuevo Gasómetro tremer e ganhar vida.

Nas oitavas de final, o Ciclón enfrentaria o Grêmio. Visto pela imprensa brasileira como um azarão, o San Lorenzo não foi tão levado a sério. Após vencer o tricolor gaúcho na Argentina por 1 a 0, o Grêmio devolveu o placar no Brasil e a decisão foi para os pênaltis, onde o San Lorenzo venceu por 4 a 2. Nas quartas, outra equipe brasileira pela frente, o Cruzeiro. E novamente o Ciclón aprontou. Vitória por 1 a 0 na Argentina e empate por 1 a 1 no Mineirão colocaram o clube nas semifinais.

Contra o Bolívar, o azulgrana não tomou conhecimento do clube e na partida de ida aplicou um sonoro 5 a 0. Uma ótima vantagem para jogar na altitude boliviana, onde o time perdeu por 1 a 0, mas passou adiante pelo critérios de gols. Pela primeira vez na história, o San Lorenzo estava na final da Libertadores. O adversário era o Nacional do Paraguai. Na partida de ida, no Paraguai, empate por 1 a 1. No dia 13 de agosto de 2014, o San Lorenzo jogava o jogo da sua história. O jogo que sua fanática hinchada esperou por anos. E não foi fácil. Tenso do começo ao fim, o título só veio quando, de pênalti, Nestor Ortigoza colocou o clube argentino em vantagem aos 36 do primeiro tempo. Depois disso, o jogou ficou lá e cá, mas aos 50 minutos do segundo tempo, Sandro Meira Ricci apitou pela última vez: O San Lorenzo era campeão da Libertadores pela primeira vez em sua história.

No Mundial daquele ano, o Ciclón não conseguiu parar o Real Madrid e foi derrotado por 2 a 0, mas nada era capaz de tirar a alegria dos Cuervos. Atualmente, o San Lorenzo é vice-campeão argentino, tendo perdido a final para o Lanús por 4 a 0. Além disso, já iniciou os preparativos para a nova temporada que começa no dia 21 de agosto. Além disso, o San Lorenzo conseguiu comprar de volta o terreno onde ficava o seu estádio, El Gasómetro, e começou as obras de reconstrução do estádio. Tudo indica que nos próximos anos a equipe estará voltando, de vez, para sua verdadeira casa.

Elenco histórico que conquistou a primeira e única Libertadores do clube.
Elenco histórico que conquistou a primeira e única Libertadores do clube.

Principais títulos

Campeonato Argentino: 15 (1923, 1924, 1927, 1933,  Copa de Honor 1936, 1946, 1959,Metropolitano 1968, Metropolitano 1972,Nacional 1972, Nacional 1974, Clausura 1995,Clausura 2001, Clausura 2007, Inicial 2013)

Copa De La República: 1 (1943)

Supercopa Argentina: 1 (2015)

Copa Mercosul: 1 (2001)

Copa Sul-Americana: 1 (2002)

Copa Libertadores: 1 (2014)

Rivalidade

O principal rival do San Lorenzo é o Huracán. Um dos mais antigos clássicos argentinos, esse duelo é considerado o terceiro mais importante de todo o país, perdendo apenas para Boca x River e Racing x Independiente. Ao todo, até agora, foram disputadas 158 partidas com 75 vitórias do San Lorenzo, 42 do Huracán  e 41 empates.

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 Torcida

O San Lorenzo tem uma das torcidas mais fiéis da Argentina. Tem a quarta maior torcida do país, atrás apenas de Boca, River e Independiente. Sua principal hinchada é La Gloriosa Butteler, que é conhecida como umas das mais criativas e participativas de todas, tendo criado inúmeros cânticos ao passar dos anos. Apaixonada pelo clube, a torcida do San Lorenzo foi um verdadeiro fenômeno social em 1982, quando a equipe disputou a segunda divisão. Isso porque os Cuervos, como são conhecidos os torcedores do San Lorenzo, compraram mais de um milhão de ingressos durante a campanha de acesso, o que dava uma média de 25 mil ingressos por jogo, mas dependendo do estádio em que jogava, muitas vezes o público era maior que a média.

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Artilheiros

1º – José Sanfilippo – 217 gols

2º – Diego Garcia – 169 gols

3º – Rinaldo Martino – 165 gols

4º – Rodolfo Fischer – 143 gols

5º – Héctor Scotta – 140 gols

Foto 9 – José Sanfilippo, artilheiro máximo da história do Ciclón.

Jogadores com mais atuações

1º – Sergio Villar – 448 partidas

2º – Roberto Telch – 415 partidas

3º – Leandro Romagnoli – 379 partidas (ainda em atividade e joga no San Lorenzo)

4º – Ángel Zubieta – 352 jogos

5º – José Fossa – 325 jogos

‘El Sapo’ Villar
‘El Sapo’ Villar

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