
O que pode mudar na Champions League
O ano de 2018 irá marcar uma mudança no formato de entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões. Em termos genéricos vai haver mais vagas disponíveis para clubes dos principais países e menos para os de países periféricos. É certo que estas alterações estão previstas apenas por três anos (até 2021) e, em termos práticos, até nem representam uma mudança assim tão significativa. É já um hábito vermos quatro clubes de países como Espanha, Inglaterra, Alemanha ou Itália na fase de grupos do principal campeonato da Europa e mesmo campeonatos médios, como França, Portugal, Ucrânia e Rússia, não sofrem alterações significativas no processo de entrada dos seus clubes (caso não haja grandes mudanças no ranking, é óbvio).
A questão aqui está em perceber se esta pequena modificação não será o primeiro passo para uma reforma maior no formato das competições europeias. Apresentamos a vocês agora o formato da “Nova Champions” e que maiores alterações estão a ser discutidas no mundo do futebol.
Nova Champions
O novo formato da Liga dos Campeões não apresenta mudanças assim tão significativas. As mais mediáticas prendem-se com o número de vagas diretas dos primeiros classificados do ranking da UEFA (já referido acima), o número de vagas diretas na competição (26 ao contrário das atuais 22) e o aumento nos prémios financeiros às equipas.
Apurados Diretamente | Vagas |
Vencedor da Liga dos Campeões | 1 |
Vencedor da Liga Europa | 1 |
1º-4º Ranking UEFA | 4 |
5º-6º Ranking UEFA | 2 |
7º-10ª Ranking UEFA | 1 |
Total | 26 |
Os restantes seis lugares serão ocupados pelos já tradicionais play-off. Com quatro equipes a serem apuradas através da “Champions Route”, onde apenas surgem campeões de países com ranking abaixo do 10º lugar, e duas através da “League Route”, onde participam clubes classificados em lugares secundários nas respetivas ligas (o terceiro representante português iria para esta zona do sorteio, como aconteceu com o Porto este ano).
De acordo com a UEFA, o panorama será o seguinte.
O que muda
– Os vencedores da Liga Europa têm acesso direto à Liga dos Campeões (atualmente garantem vaga apenas nos play-offs)
– Os quatro primeiros classificados dos quatro primeiros países do ranking têm apuramento direto
– Sistema de coeficiente dos clubes: os clubes serão apenas avaliados pelos seus resultados (atualmente havia uma pequena quota do país na contabilização do ranking dos clubes)
– A história dos clubes na competição também contará para o ranking (algum clube que tenha ganho a Liga dos Campeões ou Liga Europa terá pontuação extra)
– Aumento dos prêmios financeiros para os clubes
– Novo sistema de distribuição financeira com quatro pilares: prémio inicial de participação, performance desportiva, coeficiente do clube e o market pool, mais relacionado com a distribuição dos direitos televisivos (que terá uma pequena redução). Ou seja, a UEFA pretende recompensar mais a performance desportiva e menos o mercado de onde o clube vem (atualmente clubes vindos de grandes países recebiam à partida mais verbas).
O que não muda
– As diferentes rotas nos play-off (descrito acima), apesar de haver menos vagas
– O formato desportivo da Liga dos Campeões. Continuam 32 a disputar a fase de grupos, com rodadas eliminatórias na sequencia.
E a partir de 2021?
Se até 2021 pouco muda, a partir daí tudo é uma incógnita. Será privilegiada a vertente financeira em detrimento da vertente desportiva? Haverá uma Liga Europeia? Qual o melhor modelo para gerar mais receitas? Estas são algumas das questões que começam a circular pelas mais altas esferas do futebol europeu.
A nível mediático, tudo começou em Outubro de 2015 quando o presidente executivo do Bayern, Rummenigge, referiu a necessidade urgente de se criar uma Liga Europeia que reunisse os 20 melhores clubes dos Big-5 (Espanha, Itália, Alemanha, França e Inglaterra). Tudo porque o futebol tem um potencial de receitas que não está sendo devidamente aproveitado pelos seus agentes. No âmbito dessa discussão foi dado o exemplo da Liga Profissional de Futebol Americano (NFL) que, tendo muito menos seguidores, consegue gerar cerca de sete vezes mais receitas que as principais ligas europeias de futebol. A ideia evoluiu, com outras propostas do gênero a serem feitas, tais como, um campeonato com os clubes mais emblemáticos de vários países europeus ou até várias ligas com diferentes divisões.
Mais recentemente, foi também tornada pública a possibilidade de mudança de formato na Liga dos Campeões de forma a potenciar mais confrontos entre os grandes clubes. Nesta alteração os 32 clubes apurados disputariam uma eliminatória entre si para apurar os 16 clubes que iriam disputar a fase de grupos que, seria apenas dividida em dois grupos de oito equipes com 14 jogos. Mais jogos entre clubes grandes, mais dividendos gerados.
Falou-se que esta proposta teria partido de uma reunião entre grandes italianos e espanhóis de forma a criar uma competição europeia que se pudesse equiparar, em termos de receitas, à Premier League. Há a convicção, nestes países, de que, se algo não for feito brevemente, o fosso entre os clubes ingleses e os restantes clubes europeus pode aumentar. Por exemplo, este ano, o Aston Villa, que desceu à segunda divisão inglesa, poderá ter recebido cerca de 120 milhões de euros de direitos televisivos, enquanto um clube vencedor da Liga Europa, como o Sevilha, apenas obtém receitas à volta dos 50-60 milhões de euros. Mais, o vencedor da Liga dos Campeões obtém apenas cerca de um terço das receitas do vencedor da Premier League.
De fato, antevendo um imenso mercado por explorar, em Julho deste ano, foi noticiado pelo Financial Times, que o conglomerado chinês Dalian Wanda estaria planejando uma nova competição europeia, alternativa à Liga dos Campeões. Essa prova juntaria, pelo menos os seis primeiros classificados da ligas espanhola, inglesa, italiana, alemã e francesa e mais algumas equipes de outros campeonatos.
Todos estes planos, projetos e propostas ajudam-nos a perceber que algo vai mudar brevemente no futebol europeu. De que forma e com que consequências ainda não sabemos, mas é um fato que as preocupações financeiras, comerciais e a nível de marketing estão crescendo e fazem prever uma profunda reformulação nas competições europeias a curto/médio prazo.