
Pirlo faz o valor do ingresso valer a pena
No verão de 2015, Andrea Pirlo colocou um ponto final na sua ligação de quatro temporadas com a Juventus para rumar à Major League Soccer e estabelecer um vínculo com o New York City, juntando-se assim a David Villa e Frank Lampard – também duas figuras de renome do futebol europeu – no emblema recém-formado.

Conhecido por atributos como a qualidade do passe, a criatividade ou a visão de jogo, que tantas alegrias deram aos torcedores do Milan e da Juventus, Pirlo não encontrou facilidades no processo de adaptação a um campeonato completamente diferente do italiano que, aliás, tinha sido o único onde o méia havia atuado até ao verão de 2015.
Assim, aos 36 anos, Pirlo deparou-se com uma liga onde o físico acaba por prevalecer sobre a técnica, o que naturalmente contribuiu para o desfavorecimento das suas qualidades e para a exposição das suas fraquezas. Sem um Arturo Vidal, um Paul Pogba ou um Claudio Marchisio por perto, o italiano viu-se, não raras vezes, apenas por sua conta dentro de campo, tendo sido forçado pelo técnico Jason Kreis a desempenhar funções que fogem de suas características, desde logo a ativa participação defensiva a que quase não era sujeito na Itália. Com efeito, a necessidade de despender energia noutros momentos do jogo retirava-lhe o fôlego para se impor através da sua majestosa qualidade de passe.
Apesar da primeira temporada ser algo desapontante, Pirlo conseguiu contribuir com duas assistências em 12 jogos para a sua equipe, ainda assim insuficientes para o alcance de uma vaga nos playoffs da MLS. Os resultados insatisfatórios de Kreis à frente da equipa ditaram a sua demissão e a contratação de Patrick Vieira para o substituir na presente temporada.

Com a chegada do jovem técnico francês a Nova Iorque, Andrea Pirlo conseguiu uma enorme melhoria ao nível do rendimento, tendo contribuído para isso a construção da equipe em torno das suas características, aliás, como Carlo Ancelotti já havia feito no Milan e Antonio Conte na Juventus. Assim sendo, o craque italiano avançou no campo para a posição 8, de modo a poder estar mais perto da área e, consequentemente, fazer mais estragos através do seu passe, ao mesmo tempo que o lateral-direito ex-Bilbao Andoni Iraola foi adaptado a uma nova posição – a de 6 – com o intuito de cobrir as ações de Pirlo. Além disso, Vieira optou ainda pela inclusão de um falso ponta esquerda no seu sistema em 4-3-3, Thomas McNamara, para compensar a lentidão de Pirlo na recuperação defensiva e, assim, impedir o desequilíbrio coletivo.

Neste novo enquadramento, o experiente meio-campista contabiliza já cinco assistências e um gol, em 28 jogos nesta temporada – ficou de fora em apenas um jogo, o que o torna num titular importante -, isto além de dar uma contribuição bem mais significativa ao nível da distribuição de jogo. De fato, o que Pirlo pode oferecer a uma equipa justifica que todo um coletivo seja construído em torno das suas virtudes e das suas fraquezas. Patrick Vieira percebeu isso e os resultados aparecido, estando um lugar nos playoffs deste ano quase garantido – o conjunto nova-iorquino ocupa, neste momento, a segunda posição da conferência leste.
De fato, as críticas de que Andrea Pirlo era alvo no início são, agora, difíceis de se fazer, na medida em que o italiano tem estado à altura dos acontecimentos e desempenhado um papel fundamental no sucesso recente da sua equipe. Com um jogador deste calibre, um campeonato assume, sem dúvida, uma dimensão superior. O recorde de camisas vendidas nesta temporada e a participação no jogo all-star da MLS são apenas dois dos inúmeros aspetos comprovativos da dimensão de Pirlo.
Ainda que o auge da sua carreira já tenha sido atingido há muito tempo, o distribuidor de jogo italiano continua a encantar o público dos estádios por onde passa. Enquanto for possível, não abdique de uma oportunidade de o ver jogar… Vai valer a pena!