Futebol moderno x futebol clássico

Messi é melhor que Pelé? O maior time de futebol da história jogou em 1962 ou em 2014? O futebol de hoje é melhor ou pior que o futebol de antigamente? Quando menos se espera, essas perguntas voltam a pipocar em discussões, seja na televisão ou numa mesa de bar.

 Normalmente, os mais saudosistas vencem. “Ninguém jamais vai superar Pelé!”, “O time de 1962 era imbatível”, “O futebol de antigamente era muito melhor”… Afinal, isso pode ser considerado verdade absoluta? É possível fazer a comparação? Por que o futebol ainda é, em pleno século XXI, um esporte tão conservador nesse aspecto? Para atiçar o debate, preparamos um post  sobre o assunto!

Seleção Brasileira encantou o mundo na Copa de 1970, mas o que será que eles fariam nos dias de hoje? Pergunta jamais terá resposta
Seleção Brasileira encantou o mundo na Copa de 1970, mas o que será que eles fariam nos dias de hoje? Pergunta jamais terá resposta

Se dentro de campo muitas regras mudaram e o esporte evoluiu, fora dele ainda vemos um grande número de torcedores, e não só os mais velhos, repetindo mantras sobre o futebol do passado. É a cabeça conservadora do torcedor que reclama, por exemplo, da evolução física dos atletas – assim como do uso da tecnologia, para citar mais um caso.

Esse mesmo torcedor, porém, se encanta com a intensidade até o segundo final de uma partida de basquete ou de futebol americano e admira como os grandes craques do tênis conseguem suportar partidas com mais de duas horas de duração. Já quando o assunto é futebol, ele chia que o jogo virou “só correria”. De fato, com essa visão, é difícil encontrar a mesma beleza que se via tempos atrás.

O futebol clássico muitas vezes se mostrava mais bonito que o moderno por uma simples questão: a capacidade física dos atletas. Como todos corriam muito menos, tinha-se muito mais espaço, fazendo com que lindos lançamentos, dribles desconcertantes e grandes goleadas acontecessem mais frequentemente.

É impossível comparar o estilo de jogo de antigamente com o de hoje: conceitos como ocupação de espaços e compactação das linhas não existiam e, atualmente, são pontos fundamentais para quem quer praticar futebol em alto nível.

Nos dias atuais, Cristiano Ronaldo consegue correr a 37km/h em um jogo. Há 30 anos, jogadores de alto nível chegavam no máximo a 13k/h.
Nos dias atuais, Cristiano Ronaldo consegue correr a 37km/h em um jogo. Há 30 anos, jogadores de alto nível chegavam no máximo a 13k/h.

Ainda não se convenceu? Então vamos aos números. Segundo um estudo da Universidade do Futebol, na década de 1980, os jogadores de alto nível corriam, em média, 8km por partida. Hoje, os atletas já conseguem percorrer até 14 km por jogo: na final da Champions League de 2015-16, o time do Atlético de Madrid correu 70km só no 1º tempo, uma média de 6km por jogador.

Além de se movimentar muito mais, os atletas de hoje fazem tudo de forma mais rápida. Se até os anos 1980 os jogadores chegavam à velocidade máxima de 13km/h, hoje é possível ver nomes como Bale, Walcott e Cristiano Ronaldo alcançando a marca de 37km/h em um jogo! E às vezes com a bola dominada…

A evolução física e de conceitos de jogo não para de acontecer. Não é preciso voltar tanto assim no tempo para perceber diferenças: a última seleção brasileira que realmente encantou o país tinha Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo no ataque e, mesmo derrotados na Copa do Mundo de 2006, formavam um temível esquadrão. Dez anos depois, alguém consegue imaginar um time funcionando em campo com essas mesmas peças, sem nenhum deles voltando para marcar?

Normalmente, os mais saudosistas vencem. “Ninguém jamais vai superar Pelé!”, “O time de 1962 era imbatível”, “O futebol de antigamente era muito melhor”… Afinal, isso pode ser considerado verdade absoluta? É possível fazer a comparação? Por que o futebol ainda é, em pleno século XXI, um esporte tão conservador nesse aspecto? Para atiçar o debate, preparamos o Quebrando o Clichê dessa semana sobre o assunto!

Não só os atacantes do futebol moderno se deslocam com muito mais velocidade, como os defensores também correm atrás e marcam de maneira muito mais feroz. Nem por isso, porém, deixamos de ver grandes jogadas, até mesmo dos atletas de defesa. Quantas vezes Boateng ou Thiago Silva, por exemplo, não se lançam ao ataque, completam lançamentos longos e saem jogando com qualidade?

Os ídolos do passado marcaram época, merecem todas as honras e elogios. Afinal, se o futebol chegou ao nível de hoje, foi graças à contribuição de cada um deles. Para se ter uma ideia, o conceito de “jogador atleta” começou com Pelé, que era um fenômeno físico em sua época.

Afinal de contas, se Pelé jogasse hoje, teria a sua disposição todos os recursos e estudos de preparo físico para praticar o melhor futebol do mundo e, assim, continuaria sendo o rei. Será? Ao mesmo tempo, o que jogadores como Ganso, Iniesta e Toni Kroos seriam capazes de fazer com a bola com o espaço e tempo que os ídolos de antigamente tinham? Por essas e outras, concluímos, sem concluir muito: a comparação é impossível.

O foco de toda essa análise não é terminar a leitura com um veredicto, mas sim entender todas as diferenças e evoluções que cada período do futebol nos trouxe. Ao invés de desmerecer as diferentes gerações, valorizemos aqueles que conseguem, ano após ano, trazer algo novo para o esporte.

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