
O G6 e a obsessão dos clubes pela Libertadores
A ampliação do número de vagas para o Brasil na Libertadores gerou muitos burburinhos e mexeu com o Campeonato Brasileiro. Entre os muitos elogios e críticas, ouvimos coisas do tipo: “Legal, vai deixar os times de baixo mais animados”, “Não gostei, vai banalizar a classificação” ou “Muitos times vão se contentar em ficar em 6º lugar”. Mas, afinal de contas, os times entram no Brasileirão somente atrás de uma vaga?
De uns tempos para cá, a Libertadores tornou-se o grande sonho de consumo das equipes brasileiras, mas na verdade a competição que realmente sustenta nossos clubes é o Brasileirão. Veja a análise:

Para começar, vamos falar do baixo nível da nossa principal competição continental. Como vimos com todas essas mudanças de uma hora para a outra, não é difícil constatar que a Conmebol é um das confederações mais desorganizadas do mundo. Além disso, a entidade parece se importar muito pouco com os clubes e as confederações nacionais.
Outras características que marcam a Libertadores ainda são, infelizmente, exaltadas por muitos: confusões nas arquibancadas, gramados em estados deploráveis, agressões em campo e decisões recheadas de polêmicas e politicagens.
É claro que o torneio também tem suas qualidades e tradições que devem ser valorizados e comemorados. O grande ponto é: será que é válido abrir mão do resto do ano, inclusive do Brasileirão, por conta da Libertadores?

Um título brasileiro, na atual forma por pontos corridos, premia muito mais uma grande equipe do que o torneio continental. Ou seja: aquela história de que é preciso estar na Libertadores para montar um time forte é balela de dirigente. A competição que realmente exige um elenco qualificado é o Brasileirão.
Outro ponto que engana muito torcedor é aquele velho papo de que disputar a Libertadores atrai receitas e patrocinadores. É claro que pode ajudar, mas do que adiantaria disputar somente a competição sul-americana se não existisse o Brasileirão? Afinal de contas, é o torneio nacional que garante calendário para as equipes e a exposição duradoura de uma marca. Na Libertadores, muitas vezes toda aquela euforia pode durar apenas 6 jogos – ou até menos, caso um clube não vença a fase preliminar.
Uma situação que aflige os clubes que “se matam” pela Libertadores são os jogadores com contratos curtos, exclusivamente para jogar o torneio continental. O problema dessa estratégia é que ela só dá certo se o time for campeão. Caso contrário, a equipe se desmancha no meio do ano e o time vai mal no Brasileirão – ou, no máximo, tenta buscar novamente uma vaga para a Libertadores, retomando o ciclo.
Outro exemplo comum aos times do Brasil é o uso das “equipes mistas” nas primeiras rodadas do torneio nacional. Ainda pior: quando um time do nosso país vence a Libertadores, abre mão completamente do Brasileirão. A única exceção no século XXI foi o Internacional de 2006, que conquistou a América e foi vice-campeão brasileiro.
Essas duas questões, que mostram claramente como a Libertadores é supervalorizada no Brasil, estão com os dias contados graças ao novo calendário da Conmebol. Mas e a adoração ao torneio continental, vai continuar?
Não poderíamos encerrar o texto sem falar da principal questão: as premiações e cotas de televisão. Para se ter uma ideia de como a Libertadores é supervalorizada, basta olhar o quanto a competição paga a seus clubes: no máximo R$ 31 milhões – o mesmo valor que as equipes da fase de grupos da Champions League recebem. Até mesmo o Brasileirão, tão esnobado, paga mais do que o torneio da Conembol: só com direitos de televisão, os times da Série A que menos recebem faturam, por ano, quase R$ 40 milhões.
Um bom exemplo de valorização do campeonato nacional por parte dos clubes vem da Inglaterra. Há alguns anos, o país vem com dificuldades na Champions Legue e nem sempre uma de suas equipes chega à semifinal do torneio europeu, como fez o Manchester City na temporada passada. Ainda assim, a Premier League é o campeonato nacional mais valorizado e assistido do mundo.
Ninguém deve desvalorizar a Libertadores, mas também não deve supervalorizá-la. Agora, fica a expectativa para ver se a mudança no calendário para 2017 também vai significar uma mudança de mentalidade.
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