Chineses gastaram milhões com a Inter de Milão que não saiu do lugar

Dizem que dinheiro não traz felicidade. No caso da Inter de Milão, é verdade…

Em junho deste ano, a tradicional equipe italiana teve 68,55% de suas ações compradas pelo grupo chinês Suning, por 270 milhões de euros (R$ 970,5 milhões, na cotação atual) – o restante pertence ao magnata indonésio Erick Thohir, o outro dono de parte dos nerazzurri.

Na coletiva do anúncio do negócio, o chefão da empresa, Zhang Jindong, anunciou: “Faremos a Inter ser ainda mais forte e ainda mais esplêndida”, junto com a promessa de investimentos faraônicos, principalmente em reforços “medalhões”.

“Com a Suning, a Inter terá um futuro ainda mais brilhante. Será o clube em que as estrelas mundiais vão querer jogador, e onde os maiores talentos jovens irão surgir”, bradou o megaempresário, que é dono de uma gigantesca cadeia de lojas e também possui um time no Campeonato Chinês: o Jiangsu Suning, do volante Ramires.

A grana até foi usada, e em grande quantidade, mas as decisões foram muito atrapalhadas.

Só em contratações, por exemplo, os chineses torraram 129,8 milhões de euros (R$ 466,5 milhões), usados para trazer nomes como os brasileiros Gabriel Barbosa, o “Gabigol”, e Dodô, o português João Mário, o italiano Candreva e o montenegrino Jovetic, entre outros nomes.

Investimentos que trouxeram pouquíssimo retorno até o momento…

Gabigol nem vem sendo relacionado para os jogos; Jovetic só jogou três partidas até agora, e não marcou nenhum gol; João Mário, que era o “rei da assistência” no Sporting, só de um passe para gol até agora; Dodô, encostado, foi emprestado à Sampdoria, pela qual também pouco entrou em campo.

Só Candreva, que é o “dono do time”, e o croata Brozovic, outro da baciada de reforços, vêm rendendo e jogando com a frequência esperada.

No quesito técnicos, as trapalhadas foram ainda piores.

Quando o Suning comprou as ações da Inter, Roberto Mancini era o treinador. Ele havia assumido em novembro de 2014, mas durou pouco mais de dois meses nas mãos dos novos donos. Após resultados ruins, foi demitido em 8 de agosto, mesmo sendo ídolo da torcida e tendo conquistado três Italianos e duas Copa Itália em sua passagem anterior.

Mas o pior estava por vir: no dia seguinte à saída de Mancini, a Internazionale anunciou o holandês Frank de Boer como novo treinador. O ex-jogador vinha de boa passagem pelo Ajax, sua primeira experiência como comandante, e assinou por três anos.

Apresentado com pompa ao lado de Zhang Jindong e Erick Thohir, De Boer prometeu que faria a Inter de Milão voltar a ser um time vencedor a longo prazo. Mas, aparentemente, a expressão “longo prazo” não existe em chinês…

Em 1º de novemebro, após apenas 85 dias no cargo, ele foi mandado embora. Contra ele, pesaram a insistência em nem relacionar Gabigol para as partidas, e também números ruins: em 14 jogos, 5 vitórias, 2 empates e 7 derrotas, um aproveitamento de 35,7%.

Ao holandês, só restou lamentar.

“É uma lástima que isso tenha terminado dessa maneira. Para realizar esse projeto, precisava de mais tempo”, escreveu o ex-atleta da seleção holandesa, em sua conta no Instagram.

Não à toa, a Inter de Milão ocupa uma posição bem distante ao investimento feito para a temporada. O clube é apenas o 12º colocado da Serie A, atrás de times como Atalanta, Torino, Cagliari, Genoa e Chievo – cujas cifras são infinitamente menores.

Na Liga Europa, então, a situação é ainda mais dramática: os italianos estão na lanterna do grupo K, com apenas três pontos, atrás de Sparta Praga, da República Tcheca, Southampton, da Inglaterra, e até do Hapoel Be’er Sheva, de Israel.

Durante sua gestão, a Suning ainda deu azar de ver a explosão do polêmico “caso Icardi”, no qual o centroavante argentino, um dos principais jogadores da equipe, lançou sua polêmica autobiografia. No livro, ele criticou a torcida da Inter e conseguiu fazer a relação dos ultras com o clube de Milão, que já andava péssima, ficar ainda pior.