
Com chineses Atlético de Madri vai quadruplicar as receitas
Se o Atlético de Madri vem conseguindo peitar os poderosos Real Madrid e Barcelona no gramado nos últimos anos, agora o time colchonero consegue também confrontar a dupla em um campo de batalha que antes parecia impossível: o financeiro.
Nas últimas temporadas, a equipe alvirrubra vem em um crescimento vertiginoso.
As receitas aumentam exponencialmente ano a ano, o plantel possui cada vez mais jogadores de renome e os projetos de expansão internacional devem aproximar o Atlético cada vez mais dos clubes mais ricos da Europa.
A meta é ousada: quadruplicar o orçamento em menos de uma década.
Se na temporada 2010/11, quando Diego Simeone assumiu os colchoneros, o Atlético faturou 100 milhões de euros (R$ 360 milhões, na cotação atual), o plano é chegar a um orçamento de 400 milhões de euros (pouco mais de R$ 1,4 bilhão) em 2019/20.
Isso colocaria a equipe alvirrubra no grupo dos 10 clubes mais ricos do planeta, à frente inclusive de Liverpool e Juventus e quase no mesmo páreo de Chelsea, Arsenal, Manchester City, Paris Saint-Germain e Bayern de Munique.
Deste valor, 250 milhões de euros (R$ 898 milhões) viriam de direitos de TV e participação em competições da Uefa, enquanto 150 milhões (R$ 539 milhões) viriam de bilheteria e atividade comercial. Tudo isso sem incluir possíveis vendas de atletas.
Para isso, o Atlético planeja fortalecer ainda mais seus dois alicerces do sucesso: Diego Simeone e o grupo chinês Dalian Wanda, que será um dos principais investidores dos colchoneros nos próximos anos. Veja como cada um deles vai agir:
DIEGO SIMEONE

Quando Simeone chegou ao Atlético, em dezembro de 2011, o time estava completamente endividado, no fundo da tabela do Campeonato Espanhol, havia sido eliminado da Copa do Rei pelo Albacete, da 3ª divisão, e não tinha nem patrocinador master. A consultoria Deloitte o colocava como 25º mais rico da Europa (atrás de times como Schalke 04 e West Ham), e apenas o 5º da Espanha.
Cinco anos depois, os colchoneros vêm de duas finais recentes de Uefa Champions League e títulos de La Liga, Copa do Rei, Supercopa da Espanha, Supercopa da Uefa e Liga Europa.
O faturamento quase triplicou (dos 100 milhões de euros para os atuais 280 milhões de euros), os sócios pularam de 60 mil para 87 mil e a Deloitte hoje o considera o 11º time mais rico do mundo. Aquela dívida “monstruosa” de 200 milhões de euros com o fisco, por sua vez, já está quase encerrada.
Ninguém faz nada sozinho, mas certamente dá para dizer que o Cholo, com seu estilo aguerrido e meio louco, além de seu lema (“O coração em campo iguala qualquer orçamento”), teve grande parte de responsabilidade pelo sucesso atleticano.

O plano da diretoria alvirrubra é torná-lo um “novo Alex Ferguson”. Certos de que o argentino fará o Atlético estar sempre disputando as primeiras posições da tabela do Espanhol e também brigando pela taça na Champions, a consequência é estádio sempre cheio e torcida animada, o que significa entrada de muito dinheiro com bilheteria e direitos de TV.
O carisma do Cholo também é responsável por gerar muitos milhões para a equipe de Madri, principalmente com marketing e na internet. Desde que o argentino assumiu como treinador, o Facebook do clube passou de 4 para 13 milhões de likes, por exemplo.
Além disso, o sucesso em campo trouxe fontes diversificadas de renda. Hoje, o Atlético excursiona para promover a marca do time na Ásia, na América Latina e nos Estados Unidos durante as pré-temporadas. A camisa nunca esteve tão em alta, com um vantajoso contrato com a Nike, cada vez mais patrocinadores e aumento de 25% das vendas de uniformes desde 2014.

Bom de mercado, Diego também transformou o Atlético em uma máquina de fazer dinheiro no mercado da bola, comprando jogadores jovens, desconhecidos ou em má fase por valores baixos e depois os vendendo por quantas exorbitantes (isso depois de “espremer” todo o potencial do atleta), como nos casos dos atacantes Diego Costa e Jackson Martínez ou do meia Arda Turan, por exemplo.
O plano é que Simeone siga fazendo essa fórmula de sucesso durar até 2020.
DALIAN WANDA

Se os times brasileiros morrem de medo do dinheiro chinês, que costuma levar os melhores jogadores do país para o futebol da Ásia, o Atlético de Madri faz a festa com os orientais.
Desde 2014, o clube é parceiro do grupo Dalian Wanda, conglomerado que possui uma série de negócios na China, como shopping centers, cinemas e hotéis de luxo.
A multinacional comprou 20% das ações alvirrubras por 45 milhões de euros (praticamente R$ 162 milhões), o que ajudou a equacionar a antiga dívida de 200 milhões de euros com o fisco e que “afogava” os espanhóis cada vez mais na crise e nos fracassos.
A entrada de dinheiro também permitiu aos colchoneros começarem a criar uma teia para expandir a marca pelo mundo e revelar novos jogadores.

Para isso, foi criada uma filial do Atlético na Índia, um dos mais novos (e ricos) mercados do futebol. Ademais, foram compradas 34% das ações do Lens, tradicional equipe da França – e conhecida por sua boas categorias de base – que passará a ser usada como centro de desenvolvimento de atletas pelos madrilenhos.
O “pulo do gato” para chegar aos 400 milhões de euros em 2020, porém, ainda está em construção, literalmente.
Trata-se do novo estádio do Atlético de Madri, no momento conhecido como La Peineta, que será inaugurado na temporada 2017/18 e terá capacidade para 73.729 torcedores, muito mais do que os 54.907 do Vicente Calderón.

O plano dos espanhóis é vender os naming rights da arena, que será considerada a melhor e mais moderna da Europa pela Uefa após o fim da construção, para o Dalian Wanda, que usaria uma de suas marcas para batizar o estádio.
O acordo nos moldes do que o Atlético quer pode render até 20 milhões de euros (quase R$ 72 milhões) por ano à equipe, o que reforçaria ainda mais o caixa, permitindo contratações de luxo para Simeone fazer o que sabe de melhor.
A negociação está muito próxima de ser fechada, principalmente porque as negociações entre os alvirrubros e os chineses evoluíram bem depois que o time espanhol fez uma proposta nos moldes considerados “adequados” pelo conglomerado asiático.

Antes disso, o Dalian Wanda chegou a negociar com o rival Real Madrid pelos naming rights do novo Santiago Bernabéu, mas desistiu depois que os merengues pediram 50 milhões de euros (R$ 179,5 milhões) por ano. No fim das contas, o Real fechou com o IPIC, dos Emirados Árabes, por 500 milhões de euros distribuídos em 10 anos.