Tottenham tem dono inglês que quer distância da Inglaterra

O Tottenham é parte de um clube seleto na Inglaterra: o dos times que tem só donos ingleses, sem gringos no comando.

Os Spurs são apenas um dos quatro times da elite britânica que são comandados 100% por um bretão (ou dois, em alguns casos), além do Burnley, do Middlesbrough e do Stoke.

A equipe londrina é propriedade do empresário Joseph “Joe” Lewis, 79 anos, desde os anos 1990.

Nascido em fevereiro de 1937, em Londres, em uma família judaica (como boa parte da torcida do Tottenham) de classe média baixa, Lewis deixou a escola aos 15 anos para trabalhar como garçom na empresa de seu pai, a Tavistock Banqueting, que fazia bufês.

Começou a fazer fortuna anos depois, quando expandiu os negócios da firma para a venda de artigos de luxo para turistas, e também foi dono de uma casa noturna na capital inglesa.

Em 1979, ele vendeu os negócios familiares e, com o dinheiro arrecadado, entrou com tudo no mundo das casas de câmbios nos anos 80 e 90. Ao lado do famoso especulador financeiro George Soros, resolveu arriscar e apostou contra a libra esterlina, um dos orgulhos britânicos. Com a desvalorização da moeda nos anos 90, acertou na mosca. Virou bilionário.

Mas, com os bilhões, vieram as mordidas cada vez maiores dos impostos na Inglaterra, o que o levou a tomar uma decisão: mudar-se para as Bahamas, paraíso fiscal onde os impostos são bem menores – e, para alguns, até inexistentes.

Atualmente, ele é dono de uma fortuna pessoal de US$ 5,3 bilhões (R$ 17,35 bilhões), segundo a revista Forbes, o que o coloca como 6º homem mais rico do Reino Unido e 277º mais rico do mundo – sua fortuna já chegou a ser de quase US$ 9 bilhões.

Lewis vive em um gigantesco iate de 68 metros que fica ancorado em New Providence, nas Bahamas. No barco, ele tem, além de seu apartamento, um escritório e sua coleção de arte avaliada em US$ 1 bilhão (R$ 3,3 bilhões), que inclui obras de Picasso e Matisse.

A compra do Tottenham aconteceu nos anos 90 por meio do ENIC Group, um dos braços do Tavistock Group, conglomerado controlado pelo empresário inglês e que possui centenas de empresas e negócios em 15 países. Como mora no Caribe, Lewis preferiu deixar o time nas mãos de Daniel Levy, seu parceiro de negócios, que é o chairman dos Spurs desde 2001.

Ao longo dos anos, o ENIC Group foi comprando o restante das ações do clube de White Hart Lane, e hoje é dono de 100% da agremiação.

Atualmente, o principal investimento dos donos é na contrução do novo estádio do time, que terá capacidade para 61 mil pessoas. A nova arena, que promete revolucionar o Tottenham, tem custo estimado em 400 milhões de libras (R$ 1,6 bilhão).

Ao contrário de muitos bilionários, contudo, Joe Lewis não gosta de aparecer. Homem reservado, raramente vai aos jogos dos Spurs, já que passa a maior parte do tempo longe da Inglaterra. Tampouco se anima a falar com televisão, rádio ou jornais.

Um caso raro de relação com a imprensa aconteceu em 1998, quando o The New York Times conseguiu entrevistá-lo em seu monstruoso iate de luxo, nas Bahamas.

Um protótipo de como deve ficar o novo estádio dos Spurs

“Eu sinto que quando você é um empresário de sucesso, uma das recompensas desse sucesso é a apreciação silenciosa disso. Estar na primeira página de um jornal não me permitiria isso”, afirmou.

Segundo Lewis, aliás, ninguém deveria ter interesse em entrevistá-lo: “O maior mistério sobre mim e que não há nada de particular ou interessante para saber sobre mim”, decretou o ricaço, que é casado pela segunda vez e tem dois filhos.

A estratégia de morar nas Bahamas, aliás, é a mesma usada por outros ricaços da Grã-Bretanha, que se mudam para paraísos fiscais como as Ilhas Cayman, no Caribe, ou o Principado de Mônaco, entre França e Itália – onde não há imposto de renda para estrangeiros que não sejam franceses. Até mesmo esportistas milionários, como o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, usam a artimanha para fugir da “mordida”.

Ao mudar-se para o micro-país, porém, o atual vice-campeão da F1 passou a ser muito criticado na Inglaterra, já que tornou-se um tax exile, ou seja, alguém, como o dono do Tottenham, que vive em outro país simplesmente para fugir dos impostos que são cobrados em sua terra natal. Um dos que o detonou foi o polêmico meia Joey Barton, famoso por seu ódio a Neymar, Thiago Silva e outros jogadores brasileiros.

Aviva, é o nome do grande iate de Lewis

“Os tax exiles deveriam ser proibidos de ganhar troféus pagos e votados pelo contribuinte inglês”, disse Barton, após Hamilton ganhar um prêmio de atleta do ano na Inglaterra – Joe Lewis é outro que costuma receber críticas por ter optado por escapar dos impostos britânicos.

Em sua defesa, o piloto se defende dizendo que paga impostos em 20 países diferentes, inclusive a Inglaterra, por causa do circuito mundial de Fórmula 1. Além disso, o britânico alega que ajuda a empregar mais de 1 mil pessoas na equipe alemã, principalmente mecânicos e engenheiros.

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Apesar das críticas, a “tática” de morar em Mônaco é adotada por vários outros esportistas de primeira linha, como os tenistas Novak Djokovic e Caroline Wozniacki, e também por atores, modelos, megaempresários, ricaços e ricaças em geral.

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