
Tentando imitar Beckham, Hamsik pode até se tornar ‘maior’ que Maradona
É possível ser maior que Diego Armando Maradona no Napoli?
Difícil dizer…
Afinal, é preciso muito para superar os cinco títulos (dois Campeonatos Italianos, uma Copa da Itália, uma Copa da Uefa e uma Supercopa da Itália) do D10S – que é adorado até de maneira religiosa pelos fãs italianos – com a camisa celeste.
No entanto, um jogador está perto de superá-lo pelo menos num quesito: os gols.
Trata-se do meia Marek Hamsik, que completará em junho exatos 10 anos como jogador napolitano, algo raro atualmente.
Atualmente, o eslovaco tem 106 tentos marcados em 429 jogos, apenas nove gols a menos que Maradona (259 atuações).
Assim como Maradona, Hamsik também tem títulos importantes pelos partenopei: duas Copas da Itália e uma Supercopa. Não à toa, é o maior ídolo atual da torcida e capitão.

Contudo, não levantou o Scudetto, algo que ficou próximo na última temporada, quando os celestes foram vice-campeões, mas que fica cada vez mais difícil com o poderio financeiro da rival Juventus.
Na atual temporada, o meia marcou oito gols em 26 partidas disputadas.
Pela seleção da Eslováquia, o atleta acumula 20 gols em 95 jogos. Ele ajudou a equipe a se classificar para a Copa do Mundo de 2010 e para a Eurocopa 2016, na qual atuou com destaque.
Atualmente, é reconhecido como um dos grandes do futebol mundial.
“Hamsik é meu herdeiro. Ele é o jogador que mais se aproxima de mim em termos de características e estilo de jogo”, elogiou ninguém menos que Pavel Nedved, eterno craque da República Tcheca, que nasceu quando o país ainda era unido à Eslováquia de Hamsik.

O meia, aliás, foi assediado por diversas vezes nesses 10 anos como jogador do Napoli. No ano passado, por exemplo, Chelsea, Arsenal e Manchester City tentaram sua contratação, mas ninguém levou. Depois, um clube chinês ofereceu milhões de euros para seduzir o atleta, novamente sem sucesso.
De acordo o empresário de Hamsik, Juraj Venglos, será necessário mais do que dinheiro para tirá-lo de Nápoles.
“Ele não quer deixar o Napoli antes de conquistar um Scudetto com essa camisa”, resumiu.
Seu contrato atual com a equipe do Sul da Itália vai até junho 2020. IM

Até lá, ele deve passar com sobras Giuseppe Bruscolotti, atleta que mais vezes vestiu o uniforme napolitano, com 511 aparições, e se tornar recordista de jogos pelo clube.
“Marek sempre me disse que o Napoli é o time que ele ama, e ele quer encerrar sua carreira vestindo o uniforme azul”, definiu Richard Hamsik, pai do meio-campista.

ELE QUERIA SER O ‘NOVO BECKHAM’
Quem viu Hamsik surgir ainda novo diz que desde adolescente o meio-campista dava mostras de que seria um dos grandes do futebol mundial. É o caso do zagueiro Douglas, revelado pelo Atlético-PR e com passagem pelo Palmeiras em 2006, que atuou ao lado do atleta no Slovan Bratislava (time que revelou Hamsik), da Eslováquia, em 2004.
“Conheci o Hamsik muito novo. Ele era como se fosse o Vinícius Jr do Flamengo hoje, vivia a mesma situação: estavam preparando o moleque para ser vendido, porque sabiam que o estilo cabia nos grandes clubes europeus. Mesmo ele sendo muito novo, mostrava potencial e muita liderança, e treinava conosco nos profissionais, apesar de jogar pela base no final de semana”, lembra “Douglão”, hoje com 37 anos.

Hamsik se tornou titular do Slovan pouco depois do brasileiro deixar a equipe, sendo depois vendido ao Brescia-ITA, de quem o Napoli contratou o meia em 2007 por 5,5 milhões de euros (R$ 18,7 milhões) – atualmente, aos 29 anos, ele vale 40 milhões de euros (R$ 136,3 milhões), segundo o site especializado em mercado Transfermarkt.

“É um moleque bom, humilde pra caramba e de muita qualidade e liderança dentro de campo. Sempre me surpreendia como ele falava grosso até com os veteranos. No Brasil, a ‘molecada’ tem medo de falar com os profissionais, mas ele não tinha, dava carrinho e cobrava os mais velhos (risos)”, brinca o gigante de 1,95m.
“A gente falava que ele era jogador de personalidade, porque novo já rugia alto. Era meio invocadinho, jogava com o cabelo arrepiado desde aquela época (risos)”, diverte-se Douglas, citando uma das características de Hamsik: o topete.
Segundo o ex-Palmeiras, o penteado do meio-campista foi inspirado em ninguém menos do que David Beckham.
Hamsik, aliás, era fã declarado do britânico, e sonhava ser o “novo Beckham” da Europa.
“Ele era fã demais do Beckham. Sempre colocava as mesmas chuteiras e copiava o cabelo dele, não esqueço isso. Quando o Beckham começou com esse estilo moicano arrepiado, o Hamsik copiou na hora. Hoje, ele deve ser meio um ‘Beckham da Eslováquia’, porque é muito idolatrado. É meio o que o Neymar é para os meninos do Brasil hoje”, define.

Douglas recorda, inclusive, que Hamsik sempre pegou bem na bola, característica que manteve nos tempos de Brescia e Napoli, equipes em que se destacou por vários golaços. Na Euro-2016, ele também fez uma “pintura” pela seleção eslovaca contra a Rússia.

“Lembro até hoje de um clássico que estávamos empatando em 1 a 1 e teve duas faltas na sequência na entrada da área. Por ele ser muito novo, não deixaram o Hamsik bater. Aí foram lá dois veteranos e mandaram uma pra fora e outra na barreira”, conta o brasileiro.
“Aí quase no último lance teve outra falta e o treinador mandou o menino cobrar. Ele ajeitou, correu e bateu a famosa falta perfeita, igualzinho o Beckham fazia. O goleiro nem se mexeu! Depois daquele dia, a gente sabia que o moleque tinha o destino traçado para o sucesso. Ele fez jogos cada vez mais regulares e percebemos que tinha qualidade notável. Você fazer isso com 16 anos no meio de caras experientes não é para qualquer um”, finaliza.