Do inferno ao céu: A mudança que deu certo no LOSC Lille

Desde que o Paris Saint-Germain foi comprado por Nasser Al-Ghanim Khelaïfi, todos os anos já sabemos que ao menos a equipe de Paris será forte candidata ao título. Nos últimos seis anos foram cinco títulos em seis Ligue 1, com exceção da temporada 2016/2017, em que o PSG foi surpreendido pelo Mônaco, e acabou com o vice-campeonato.

Com este cenário, o que vemos nos últimos anos é o Paris Saint-Germain com certa folga na liderança da Ligue 1 e uma disputa mais acirrada pelo vice-campeonato, que dá uma vaga direta para a Champions League.

E neste ano, temos presenciado uma disputa muito boa pelo vice-campeonato francês, com o PSG disparado na ponta, já que ao menos oito equipes estão mais ou menos próximas e brigando entre si rodada a rodada.

Entretanto, uma delas tem chamado a atenção, com certa folga no segundo lugar, o 2º melhor ataque, com 40 gols marcados até aqui, e a 4ª melhor defesa da Ligue 1, com 22 gols sofridos em 23 partidas: O LOSC Lille.

Do céu ao inferno

El Loco BIelsa - Losc Lille

A temporada 2017/2018 foi de muita expectativa para o Lille, já que a equipe foi comprada pelo bilionário empresário hispano-luxemburguês Gérard Lopéz, fundador da Nekton e presidente da Genii Capital, em janeiro de 2017, com o objetivo de se tornar protagonista no campeonato francês.

Para consolidar seu projeto, Lopéz contratou o técnico El Loco (Marcelo) Bielsa, com o objetivo de comandar uma equipe que tinha como objetivo contratar jovens talentos para fortalecimento da marca LOSC Lille e investimento futuro com a venda dos mesmos.

Nesse sentido, três brasileiros foram parte desse projeto, Thiago Mendes e Luiz Araújo, ambos vindos do São Paulo, e Thiago Maia, à época recém campeão olímpico e jogador do Santos, que se tornou a maior contratação do clube, 14 milhões de euros. Outras promessas que vieram para fortalecer o elenco foram Ezequiel Ponce, Nicolas Pepé e Fodé Ballo-Touré.

Thiago Maia - Losc Lille

Thiago Maia quando assinou pelo Lille

Logo na primeira janela de verão com Gérard Lopéz o LOSC Lille gastou 70 milhões de euros e se tornou o elenco mais jovem das cinco grandes ligas da Europa.

No entanto, o tiro saiu pela culatra. El Loco Bielsa não conseguiu implementar sua filosofia de jogo com um plantel tão jovem e a equipe obteve um resultado desastroso, conquistando 27 pontos nos 18 jogos em que ficou à frente do time.

Após sua demissão, Christophe Galtier assumiu a equipe, mas pouco fez para mudar o panorama de desânimo e sentimento de que a temporada precisava acabar.

Com isso, o Lille terminou a Ligue 1 em 17º lugar, com apenas 38 pontos, um a menos que a primeira equipe na zona de rebaixamento. Além disso, a equipe foi eliminada na fase de 32-avos na Copa da França e nas oitavas na Taça da Liga, confirmando um péssimo momento e um ano horrível.

A volta por cima de forma impressionante

Loic Remy - Losc Lille

Ao fim da temporada, Gérard Lopéz garantiu Christophe Galtier no cargo e deu ao treinador mais tempo para trabalhar e implementar seu estilo de jogo.

O elenco também passou por uma grande reformulação, inclusive com uma grande mudança de postura por parte da direção do Lille, já que a equipe gastou apenas 8,9 milhões de euros em reforços, apostando em uma mescla de jogadores que vieram a custo zero e mais experientes, com destaque para o zagueiro José Fonte, 34 anos e Loic Remy, 31 anos, com atletas jovens e de grande potencial, casos de Jonathan Ikoné, 20 anos, que veio do PSG e custou 5 milhões de euros e Jonathan Bamba, 22 anos, que chegou a custo zero do Saint-Étienne.

Além disso, o clube vendeu alguns de seus bons jogadores por um alto valor, totalizando 69,6 milhões de euros em vendas, com destaque para Ives Bissouma, 21 anos, que foi para o Brighton por 16,9 milhões de euros, Ibrahim Amadou, 25 anos, que custou 14,4 milhões de euros ao Sevilla, e Fodé Ballo-Touré, uma das principais promessas da equipe, que foi para o Mônaco por 11 milhões de euros.

Com isso, a expectativa da equipe era ao menos ficar no meio da tabela, principalmente comparando os elencos e o investimento para a temporada. Entretanto, Christophe Galtier tem conseguido ir muito além das expectativas, fazendo uma Ligue 1 muito segura e constante, com o segundo lugar até aqui, 5 pontos a mais do que o terceiro lugar, Lyon, e tem vivido um momento de redenção.

Em 23 jogos são 14 vitórias, 4 empates e 5 derrotas, estando 10 pontos atrás do PSG (com duas partidas a menos) e a equipe tem apresentado um desempenho muito bom. Com uma temporada tão boa, a expectativa é que essa volta por cima do Lille se consolide e a equipe confirme sua ida do inferno ao céu em apenas uma temporada, com a volta para a Champions League.

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