
Seleção holandesa: Um segundo lugar porém uma revolução
A seleção holandesa teve fracassos recentes e a reconstrução do seu elenco pode estar atrelada a isso.
A Holanda, que foi terceira colocada na Copa do Mundo de 2014, nem sequer se classificou para o Mundial da Rússia.
Grandes nomes dessa seleção não fazem mais parte do elenco, como são os casos de Robben, Van Persie e Sneidjer.
Logo, vou mostrar a você como esse segundo lugar da seleção holandesa na Nations League não tem um gosto tão amargo como muitos acham por ai.
Você vai entender como isso tudo faz parte de uma revolução no futebol holandês que em se tratando de força nos campeonatos europeus não chegam nem ao segundo escalão.
Ah, e eu aposto que você que é fã do futebol da laranja mecânica vai curtir esse artigo que te dá uma esperança de que a Holanda pode voltar aos seus tempos de ouro!
Preparado? Então continue lendo e veja sobre tudo o que vou falar:
– A nova revolução da Holanda
– Nomeação do capitão Virgil Van Dijk
– Os Jovens jogadores de ponta e muito valorizados
– A nova seleção com uma base do campeonato holandês
– Uma mistura de talentos no campeonato nacional e em grandes ligas europeias
– O diferencial da seleção Holandesa hoje
A nova revolução da Holanda

Como já disse, após estar fora da Euro 2016 e da Copa do Mundo 2018, poderíamos até mesmo questionar o desempenho da seleção holandesa, que tem craques como Arjen Robben, Wesley Sneijder e Robin Van Persie já em fim de carreira e aposentados da seleção, certo?
Acontece que a Holanda se reciclou muito rápido, e apoiada principalmente no sucesso que faz o Ajax e também de um bom desempenho do PSV, tem tudo para voltar a ser protagonista na Europa e até mesmo entre as seleções no mundo.
A chave para a melhoria da seleção holandesa nos últimos meses tem sido a gestão de Ronald Koeman, que estabilizou o navio após campanhas pífias de Guus Hiddink, Danny Blind e Dick Advocaat, que tentaram seguir o enorme sucesso de Louis Van Gaal entre 2012-14.
E vou lhe mostrar alguns pontos que ajudou Koeman a revitalizar o futebol de seu país.
Nomeação do capitão Virgil Van Dijk

Em uma entrevista ao Telegraph publicada em abril, Fons Groenendijk, ex-treinador
do Willem II, onde Virgil Van Dijk iniciou sua carreira, admitiu que ninguém na
Holanda imaginou o defensor do Liverpool passando a ter a carreira que tem.
“Tenho que admitir que Virgil atordoou a todos”, disse ele. Não apenas as pessoas do Willem II. Não apenas as pessoas do Groningen. Todos os grandes clubes da Holanda!
Ele esteve diante dos olhos de todos eles. Nenhum deles viu o seu potencial.
Van Dijk terá 29 anos quando Euro 2020 encerrar, caso os holandeses se classifiquem, representará sua estreia no torneio internacional.
Deixado de fora da equipe da Copa do Mundo de 2014 por Louis Van Gaal, Van Dijk estreou apenas em outubro de 2015, quando tinha 24 anos e jogava na Premier League com o Southampton.
Levar tanto tempo para os holandeses reconhecerem o talento de Van Dijk é bizarro! Dado o recorde do país em desenvolver talentos juvenis.
Porém um homem que há muito admira sua habilidade é Koeman, que o contratou para o Southampton e o tornou capitão do time.
O líder inspirador do Liverpool provou suas credenciais na defesa desde que Koeman lhe entregou a braçadeira de capitão, ajudando o desenvolvimento de De Ligt ao lado dele na defesa e ao mesmo tempo fazendo muitos gols em suas subidas ao ataque.
Jogadores de ponta e muito valorizados

Apenas para começarmos, a dupla de zaga da seleção holandesa é chamada por muitos especialistas de a melhor do mundo atualmente. Formada por ninguém menos que Virgil Van Dijk, 27 anos e Matthijs De Ligt, 19 anos, que somados tem valor de mercado de 145 milhões de euros, sendo 75 milhões o valor de Van Dijk e 70 milhões o valor de De Ligt.
“Eles são jogadores do mais alto nível. Temos os melhores zagueiros da Europa com Van Dijk e De Ligt, o que é ótimo, pois construímos sempre a casa a partir de baixo e não no telhado”, afirmou o comandante da seleção holandesa em entrevista ao jornal britânico Daily Mail.
O futebol holandês começou a progredir do momento em que a seleção holandesa não se classificou para a última Copa do Mundo.
Koeman começou a abraçar a juventude e um estilo de jogo mais pragmático.
A rocha da equipe, no entanto, continua sendo Van Dijk, cujo aprendiz, De Ligt, tem a escolha de se transferir para alguns clubes de elite da Europa.
CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE A CARREIRA DE VIRGIL VAN DIJK
E ser você ainda não acredita que Van Dijk é um dos melhores zagueiros do mundo, dá só uma olhada nesse vídeo no qual separei os melhores momentos do ano do jogador:
Koeman também teve uma boa conversa com De Ligt:
“Falei com Mathias há uma semana sobre seu futuro, e isso é um segredo. O que eu disse a todos os jovens jogadores, que estão pensando em dar mais um passo em suas carreiras é que a coisa mais importante é continuar jogando, continuar tendo minutos para desenvolver seu futebol ”, disse o ex-treinador do Everton e do Southampton.
“Essa é a coisa mais importante. Como o clube está jogando também é uma razão para fazer uma escolha. Ele, sua família, seu agente e aqueles que estão ao redor do jogador tomarão a melhor decisão.”
Além disso, outra estrela da seleção holandesa e também do Ajax é Frenkie De Jong, 21 anos foi negociado com o Barcelona por 75 milhões de euros.
De Jong vinha se destacando com a camisa do Ajax desde a última temporada e tornou-se um dos principais nomes de um jovem elenco que avançou às semi finais da Liga dos Campeões e conquistou o campeonato holandês e a Copa da Holanda. Convocado para a seleção holandesa constantemente, é considerado um dos jovens mais promissores do futebol europeu atualmente.
Base da seleção no campeonato nacional

Uma das principais formas de se construir uma seleção forte, principalmente na Europa, é ter sua base nos campeonatos nacionais, algo que a Holanda tem conseguido cada vez mais, e isso tem muito a ver com uma geração brilhante que surgiu no Ajax, semifinalista da UEFA Champions League na temporada atual (2018/2019), com nomes como Matthijs De Ligt (19 anos), Frenkie de Jong (21 anos) e Van de Beek (22 anos).
Os torcedores do PSV e do Feyenoord podem discordar, mas o Ajax se classificou para a semifinal da Liga dos Campeões como um dos destaques da temporada, com o jovem time de Erik Ten Hag recebendo aplausos da forma como desmantelou os pesos pesados europeus Juventus e Real Madrid.
Embora a equipe do Ajax, como praticamente todos os outros grandes clubes da Europa, seja formada por nações ao redor do mundo, como jogadores da Sérvia, Camarões e Brasil, tem um núcleo holandês muito forte fazendo quase todo o trabalho com De Ligt, Blind, De Jong e Van De Beek, Joel Veltman, entre outros que tiveram sua contribuição.
Ten Hag também restabeleceu o estilo de jogo do Ajax em suas tradições formadas durante os dias do falecido Johan Cruyff como jogador quando Rinus Michels estava no comando, ou seja, jogar futebol atraente e para frente, projetado para vencer, mas também para entreter.
Anteriormente, quando o Ajax era forte, era uma base da seleção holandesa.
A maior equipe holandesa de todos os tempos em 1974 continha os renomados astros do Ajax, como Ruud Krol, Arie Haan e Johnny Rep, além de Cruyff, que havia acabado de se transferir para o Barcelona.
A equipe que chegou às semifinais da Copa do Mundo de 1998 e da Euro 2000 em casa, por sua vez, foi composta predominantemente por aqueles que haviam conquistado a Liga dos Campeões com o Ajax em 1995, como Edwin Van Der Sar, os irmãos De Boer, Edgard Davids, Clarence Seedorf e Patrick Kluivert.
Já o Ajax de 2019 teve um desempenho tão forte na Europa que traz a esperança aos torcedores mostrando que a seleção Holandesa pode estar no topo novamente.
E só para finalizar, a seleção holandesa ainda conta com jogadores do PSV, com nomes como Denzel Dumfries (23 anos), Pablo Rosario (22 anos) e Steven Bergwijn (21 anos).
Além disso, a Eredivisie (1ª divisão holandesa) conta ainda com atletas com rodagem em grande ligas europeias que voltaram para o campeonato nacional nas últimas temporadas, casos de Daley Blind (Ajax) e Memphis Depay (PSV).
Ambos jogaram pelo Manchester United em seu auge de carreira, porém não conseguiram encontrar seu melhor futebol nos Red Devils. Agora com mais rodagem e experiência Blind e Depay estão reencontrando a boa forma no futebol holandês.
Tirando por base a última convocação da seleção holandesa, dos 23 convocados, 12 atuam no campeonato holandês, e ainda há bons nomes como o lateral-esquerdo Daley Sinkgraven (Ajax) de 23 anos, o lateral-direito Joël Veltman (Ajax) de 27 anos, os meio-campistas Carel Eiting (Ajax), 21 anos e Mohammed Ihattaren (PSV), 17 anos, e os atacantes Donyel Malen (PSV), 20 anos e Cody Gakpo (PSV), 19 anos.
O diferencial da seleção holandesa de hoje

Veja só as palavras de Ronald de Boer:
“A seleção holandesa que estava fracassando usava mais da força e velocidade. Claro, isso é importante. Mas você tem que ser inteligente também. Sua mente ainda é a arma mais rápida. Você pode correr e correr, mas você deve ser inteligente.
“Eu acho que é isso que você vê com Pep Guardiola. Apenas jogadores espertos entram em campo. David Silva não é físico, mas ele ainda é um dos melhores jogadores da Premier League porque ele é um pensador inteligente. Isso é fundamental. Eu acho você tem que ter uma boa mistura e o Ajax sempre foi um time de jogadores espertos e não de jogadores mais fortes.
O motivo da confiança de De Boer vem da geração emergente de jovens jogadores holandeses. Este grupo era jovem demais para evitar o recente declínio, mas a reforma lhes ofereceu uma oportunidade e os primeiros sinais são de que eles irão aproveitá-la.
Na Copa de 2014, a Holanda inovou trocando goleiro para a disputa de pênaltis (saiu Cillessen e entrou Krul para classificar a Holanda para as semifinais).
Quando Van Basten virou técnico da Holanda, havia no contrato dele uma cláusula para o time jogar bonito, uma exigência para que a Holanda “atuasse ofensivamente”. Não deu muito certo com Van Basten, mas essa foi mais uma ideia diferenciada do futebol holandês.
Rinus Michels, o mentor do Carrossel Holandês, foi eleito pela Fifa oficialmente como o melhor técnico do século 20 muito pelas suas ideias inovadoras, como a famosa linha de impedimento. A figura do zagueiro-centroavante não foi lançada agora, mas é uma arma de quem pensa fora da caixinha, de quem ousa, de quem não tem medo de fugir do óbvio.
Esse é o grande barato e a grande característica do futebol holandês. Contra a Alemanha, o assistente decidiu, não o técnico. Alguns podem entender isso como quebra de hierarquia, outros como uma boa iniciativa.
Creio que foi Gullit que tentou explicar a diferença entre o jogador alemão e o jogador holandês.
Você diz para um jogador alemão ficar na lateral, não passar do meio-campo e marcar o camisa 7. O jogador alemão entra em campo e executa a ordem pura e simplesmente. Você diz para um jogador holandês ficar na lateral, não passar do meio-campo e marcar o camisa 7. O jogador holandês vai perguntar o porquê disso e só cumprirá a ordem se ficar convencido de que aquilo é o melhor a ser feito.
O futebol holandês faz pensar. Como é bom vê-lo em alta!
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