
O que o Manchester United precisa para voltar a brilhar?
Uma das mais tradicionais equipes da Inglaterra, o Manchester United soma muitos títulos em sua história.
Dentre as principais conquistas estão duas Champions League, 20 Campeonato Inglês (atual Premier League), uma Liga Europa e um Mundial Interclubes.
Fundado em 1878, os Red Devils mandam suas partidas no Old Trafford, em Manchester e possui um passado glorioso.
Tanto é que a equipe foi considerada pela FIFA como o segundo maior time de futebol do século XX, e muito disso tem a ver com Sir Alex Ferguson.
Sir Alex Ferguson

Para se ter a noção da importância do treinador escocês, há quem o trate como o maior ídolo da história do clube.
Tanto é que até hoje o ex-técnico dos Diabos Vermelhos é ovacionado pela torcida e acompanha o United das tribunas sempre que pode.
O treinador assumiu a equipe em 1986 e só saiu em 2013, quando se aposentou do futebol.
Nesse tempo foram 39 títulos conquistados, com destaque para duas Champions League, 13 conquistas do Campeonato Inglês (Premier League) e um Mundial Interclubes.
Além disso, o treinador mudou o patamar do Manchester United, consolidando a equipe como gigante europeu, sempre ganhando títulos ou disputando nas cabeças as principais competições inglesas e europeias.
Tanto que além dos 38 títulos, somou vários vice-campeonatos, inclusive dois vices da Champions League.
No entanto, após a aposentadoria de Sir Alex Ferguson, o Manchester United nunca mais foi o mesmo.
A instabilidade do Manchester United pós Ferguson

Se durante muito tempo a fórmula Manchester United + longevidade do técnico deu super certo com Ferguson, após a aposentadoria do escocês tudo mudou.
A começar pela maior rotatividade de técnicos, já que pós Ferguson, nenhum treinador caiu nas graças da torcida e diretoria.
Se por um lado Sir Alex Ferguson permaneceu 27 temporadas à frente do Manchester United, por outro nas últimas 7 temporadas os Red Devils já tiveram 6 treinadores diferentes.
Assim que Ferguson se aposentou, David Moyes assumiu a equipe, mas sem sucesso permaneceu apenas uma temporada.
Depois de Moyes, Ryan Giggs, Louis Van Gaal e José Mourinho, o Special One, tentaram levar o United novamente à glória, mas sem muito sucesso, até que Ole Gunnar Solskjaer, ídolo da equipe como jogador, assumiu os Red Devils em 2018, e está no comando do time até a temporada atual (2019/2020).
Nesse período depois da aposentadoria de Ferguson foram cinco títulos, sendo duas Super Taça da Inglaterra, uma Taça da Liga, uma F.A. Cup e uma Liga Europa.
Dentre os treinadores, José Mourinho foi quem mais se aproximou de cair nas graças da torcida, principalmente na temporada 2016/2017, quando venceu três títulos e levou a equipe novamente à Champions League.
No entanto a temporada seguinte voltou a ser medíocre e o Manchester United não retomou um caminho de sucesso.
Além disso, o treinador português teve problemas com astros da equipe como Pogba, o que desgastou a relação entre Mourinho e a diretoria e culminou na saída do treinador.
Com isso, Ole Gunnar Solskjaer assumiu em dezembro de 2018 o Manchester United, e desde então tem tido a oportunidade de comandar uma equipe instável, mas cheia de craques.
Dinheiro não é tudo no futebol

Uma das equipes mais ricas do mundo, o Manchester United é também um dos clubes que mais tem gastado dinheiro em contratações nas últimas temporadas, com o objetivo de consertar seu plantel.
No entanto, a mudança de treinadores e a falta de alinhamento de filosofias entre os técnicos e a diretoria fazem com que os Red Devils até hoje não tenham conseguido um elenco unido e pronto para levar o Manchester United a estar novamente entre as melhores equipes da Europa.
Na atual temporada foram gastos 159 milhões de euros, com destaque para Harry Maguire, que custou 87 milhões de euros e Wan-Bissaka, que custou 55 milhões de euros.
Se pegarmos as temporadas passadas, o United também gastou muito dinheiro para tentar reforçar seu elenco.
Na temporada 2016/2017, os Red Devils desembolsaram 185 milhões de euros em contratações de nomes como Paul Pogba e Henrikh Mkhitaryan.
Em 2017/2018 foram gastos 198,3 milhões de euros para contratar jogadores como Romelu Lukaku, Nemanja Matic e Alexis Sánchez.
Já em 2018/2019 foram 82,7 milhões de euros gastos, com destaque para a contratação de Fred por 59 milhões de euros e Diogo Dalot por 22 milhões de euros.
Mau planejamento reflete nos resultados

Entretanto, grande parte das contratações não funcionaram como se esperava na equipe.
Tanto que das contratações, apenas Pogba, Matic, Maguire e Wan-Bissaka são titulares absolutos da equipe.
Nomes como Romelu Lukaku e Alexis Sánchez rumaram para a Inter de Milão, sendo o belga vendido por 65 milhões de euros e o chileno emprestado com o United pagando mais de 50% de seu salário milionário.
Já Mkhitaryan ficou pouco tempo na equipe e foi para o Arsenal em troca por Alexis Sánchez.
Outros como Dalot, Bailly, Lindelof e Fred ainda sofrem com a desconfiança da torcida e diretoria.
Além disso, nomes como Lingard, Rashford e McTominay, que surgiram como promessas, hoje são contestados.
E esse mau planejamento dos Red Devils se evidencia na montagem do elenco para a temporada atual.
Problemas no início da temporada evidenciam erros de planejamento

Se de um lado Maguire e Wan-Bissaka chegaram para solucionarem problemas antigos na zaga do United, outras posições continuam carentes e não receberam atenção devida.
Apesar de ter Luke Shaw na posição, o polivante e questionado Ashley Young é o escolhido para jogar.
O inglês inclusive é o capitão da equipe após saída de Antônio Valencia, que atuava improvisado na lateral-direita.
No meio-campo também há muitas deficiências de montagem de elenco.
De um lado a equipe conta com vários volantes de qualidade como Matic, Pogba, Fred, McTominay e Andreas Pereira.
Por outro lado, tem apenas Juan Mata como jogador de criação, sendo que o atleta tem sido reserva.
Já no ataque, após saídas de Lukaku e Sánchez, os Red Devils tem sido obrigados a apostarem em jovens.
Com isso, nomes como Daniel James, 21 anos, que veio do Swansea, e Mason Greenwood, 18 anos, tem tentado assumir protagonismo.
E isso ocorre não apenas pelo talento dos garotos, mas sim pela péssima fase de Lingard e Rashford e ainda a lesão de Martial, escancarando a falta de opções de ataque do plantel.
E em uma liga super competitiva como a Premier League, o Manchester United está pagando a falta de planejamento.
Tanto é que na temporada atual a equipe tem 9 pontos em 8 partidas, ficando na 12ª posição.
A campanha até agora é fraca, com duas vitórias, dois empates e três derrotas.
Além disso, a equipe marcou 9 gols e sofreu 8 na competição, com destaque para a derrota de 2 a 1 que sofreu em casa para o Crystal Palace e a derrota de 2 a 0 para o Newcastle fora de casa.
Como ponto positivo, destaca-se a goleada que aplicou no Chelsea por 4 a 0 na estreia da Premier League.
Pressão sobre Solskjaer

Entretanto isso ainda é muito pouco para o potencial de uma equipe tradicional e cheia da grana como o Manchester United.
Com isso, Ole Gunnar Solskjaer já se vê pressionado no cargo, e precisa de bons resultados para continuar no comando dos Red Devils.
O desempenho do treinador na atual temporada é tão fraco que supera campanhas de José Mourinho e David Moyes, que somaram 10 pontos até a oitava rodada da Premier League.
Vale lembrar que os dois treinadores foram demitidos antes do final da temporada da Premier League.
Nesse sentido, o treinador precisa reerguer o Manchester United o quanto antes para não ser demitido do cargo.
Além disso, cabe a Solskjaer recuperar a confiança do grupo e fazer a equipe brilhar com o que tem.
Senão os Red Devils se encaminharão para mais uma temporada medíocre e sem sucesso, irritando ainda mais a torcida.